Pôr a crise para trás das costas e estrear-se com um triunfo

Em plena crise de identidade do râguebi português, os Lobos são favoritos na sua estreia em 2019 no European Trophy, este sábado, frente à frágil seleção da Polónia. E com tantos problemas para resolver a solução é mesmo só uma: ganhar.
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Gerido por uma provisória Comissão de Gestão há mais de meio ano e aguardando a marcação de eleições que já deveriam ter ocorrido há algum tempo, o râguebi português navega sem rumo, com destino indefinido e enorme rombo financeiro. Apesar de todas as dificuldades espera-se que, do mal o menos, a nossa principal seleção - ainda sem os essenciais reforços de jogadores profissionais vindos de campeonatos estrangeiros que elevem os Lobos a patamares que já foram seus há alguns anos - consiga durante 80 minutos esquecer todos esses problemas quando defrontar amanhã, sábado, a Polónia - situada cinco posições atrás de Portugal no ranking mundial (33.ª face ao nosso 28.º lugar, a mais baixa posição dos Lobos em muitos e muitos anos) - naquele que será o primeiro teste do ano do quinze nacional. A estreia no European Trophy 2018/19 decorrerá no complexo desportivo do Vale da Rosa, em Setúbal, e tem transmissão direta pela Sport TV1 (15.00).

Após vencer as duas últimas edições do Trophy - a 3.ª divisão europeia onde Portugal caiu em 2016 - com um registo imaculado (10 triunfos noutros tantos jogos), os homens de Martim Aguiar voltarão a ter como adversários Holanda, Polónia, Suíça e República Checa, acrescentando-se a novidade Lituânia, promovida esta temporada à competição.

Mesmo sem poder alinhar na sua máxima força por força de algumas lesões surgidas no fim-de-semana passado (Salvador Cunha, António Vidinha, David Wallis), impedimentos laborais (Fernando Almeida e Vasco Fragoso Mendes) e diversas ausências de nomes habituais nas últimas convocatórias - nomeadamente Nuno Sousa Guedes, Manuel Vilela, Manuel Queiroz, José Maria Vareta (todos na Austrália a jogar, ou simplesmente de passeio...) e Bruno Medeiros (Estados Unidos) - o quinze nacional é claramente favorito e um resultado distinto do triunfo seria dificilmente explicável e até algo inaceitável, mesmo em período de vacas magras no que ao râguebi português concerne, qualquer que seja a área de análise.

Portugal venceu seis dos nove anteriores duelos, tendo ganho os cinco mais recentes, nomeadamente nas duas últimas épocas: 35-10, em 2017 (Jamor) e difíceis 27-25 no ano passado, em Lodz, graças ao ensaio de Rodrigo Freudenthal já em período de compensação.

Apesar de virem de uma pesadíssima derrota caseira com a Holanda (49-0!), os polacos, que mantiveram como selecionador o irlandês Duaine Lindsay, contam já com duas vitórias na prova sobre República Checa (41-22) e Lituânia (33- 0).

Ao DN o selecionador nacional Martim Aguiar lamentou as lesões de última hora e as várias ausências, mas mostrou-se contente com o trabalho de preparação realizado. "Os jogadores chegaram com um bom ritmo dos seus clubes e estão confiantes e com boa atitude" revela, mas salienta a falta de consistência na formação da equipa nacional: "De uma época para outra perdemos 10/11 jogadores agora indisponíveis e assim é muito complicado, estamos condenados sempre a recomeçar".

Apesar de aceitar como natural o favoritismo concedido aos Lobos lembra, avisado, que a Polónia sofreu forte derrota em casa perante a Holanda, mas "terminou o jogo com 12 jogadores devido a cartões amarelos e lesões. E nesse período final concedeu 20 pontos."

Quanto ao quinze nacional, onde continua a notar-se a ausência mal explicada do médio de abertura luso-sul africano José Rodrigues, destaque para a presença do 2.ª linha luso-francês Jean Sousa (vindo do Montauban) - único atleta que não alinha em Portugal, mas para o próximo duelo na Holanda já deverão estar mais três/quatro "franceses" na convocatória dando maior peso e experiência aos necessitados Lobos - e os regressos do ponta António Cortes (Agronomia) e do centro Tomás Appleton (CDUL), dois dos mais perigosos e eficazes jogadores nacionais, sempre candidatos a ver o seu nome incluído na lista de marcadores de ensaios, qualquer que seja o adversário.
Portugal vai alinhar com: Manuel Marta; Rodrigo Marta, Rodrigo Freudenthal, Tomás Appleton, António Cortes; Jorge Abecasis, João Belo; Vasco Baptista, Salvador Vassalo (cap.), João Granate, Jean Sousa, José D"Alte, Diogo Hasse Ferreira, Nuno Mascarenhas e João Vasco Corte Real.

No banco estarão de início: Bruno Rocha, Duarte Diniz, José Maria Rebelo de Andrade, Sebastião Villax, Martim Cardoso, Vasco Ribeiro, António Marques e Francisco Bruno.

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