Ponte de Constância indisponível para exercício militar da NATO
Os milhares de militares que participam no exercício internacional da NATO "Trident Juncture", a partir do Campo Militar de Santa Margarida, não vão poder utilizar a ponte sobre o Tejo que liga Constância e Vila Nova da Barquinha.
A ponte da Praia do Ribatejo está atualmente condicionada a uma faixa de circulação e a viaturas até 3,5 toneladas, pelo que as entidades gestoras - a Infraestruturas de Portugal (IP) e as autarquias do distrito de Santarém - decidiram que não estavam reunidas as condições de segurança para a reabertura, ainda que a título excecional, a veículos com tonelagem muito alta.
Considerado o maior exercício militar desde 2002, o exercício da NATO "Trident Juncture 2015"' arrancou a 03 de outubro e estende-se até dia 06 de novembro em Portugal, Espanha e Itália, juntando cerca de seis mil militares portugueses e mais de 30 mil efetivos de outras 30 nacionalidades.
Fonte oficial militar confirmou à agência Lusa que a ponte da Praia "não vai ser utilizada" pelos militares, tendo acrescentado que "a travessia do rio Tejo por viaturas pesadas de transporte de pessoas só será efetuada pela ponte da Chamusca", cerca de 30 quilómetros a montante.
A mesma fonte disse ainda que "o equipamento pesado de combate será deslocado através de uma ponte militar que vai ser montada no início de novembro propositadamente para o efeito, na zona de Almourol", freguesia de Tancos, Vila Nova da Barquinha, atravessando o Tejo naquela zona.
Contactada pela Lusa, a presidente da Câmara Constância disse que, no âmbito deste exercício, foi "contactada pela entidade militar para a passagem de veículos de transporte de militares com cerca de 7 toneladas, e ainda por uma empresa transportadora com passagem diária de um veículo pesado de 40 toneladas".
Júlia Amorim manifestou dúvidas sobre a "legitimidade dos dois municípios" para, por si só, abrirem exceções à passagem de veículos militares e civis envolvidos neste grande exercício militar.
"Desconhecendo em detalhe o exercício, mas sendo expectável esta situação, lamento que não se tenha acautelado atempadamente este contratempo", criticou a autarca, tendo lembrado que "há muitos anos" que alerta os sucessivos governos para a "necessidade da existência de uma nova ponte que sirva a região e o país".
O presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire, disse à Lusa, por sua vez, ter "recebido um ofício a solicitar autorização para passagem de veículos de 6,2 toneladas", peso de uma viatura de transporte de 27 lugares, a que "não pôde dar" provimento.
"Estamos a falar de um relatório técnico que não permite a circulação a veículos com tonelagem superior a 3,5, ou seja, em caso de autorização para o período do exercício, a responsabilidade civil em caso de acidente seria imputada a quem, contrariando as normas técnicas, deu a devida autorização", lembrou, defendendo igualmente a construção de uma nova travessia do Tejo, "por razões ambientais, de competitividade e de justiça".
Contactada pela Lusa, a IP disse que "a jurisdição do tabuleiro rodoviário da ponte de Constância pertence às autarquias de Vila Nova da Barquinha e Constância", pelo que as "questões relacionadas com a circulação automóvel sobre a ponte devem ser dirigidas a estas edilidades".
A Infraestruturas de Portugal disse ainda ter "participado em diversas reuniões com a Câmara de Constância e o Exército, no sentido de contribuir, dentro das suas competências, no apoio à realização deste exercício" militar internacional.
Neste âmbito, concluiu, "a IP procedeu à beneficiação ao nível do pavimento e reforço da sinalização do entroncamento da EN 118 para o Campo de Santa Margarida".