Pombal: Mário desapareceu há um mês sem deixar rasto. O que lhe terá acontecido?
Faz amanhã um mês que Mário Sousinha saiu de casa, na aldeia da Charneca (Pombal), e nunca mais foi visto. Nas primeiras semanas os amigos e familiares foram partilhando um post nas redes sociais, na esperança de que alguém soubesse do seu paradeiro, na expectativa de o encontrar "vivo ou morto". Mas um mês depois, as perguntas continuam sem resposta, à medida que decorre a investigação, a cargo da GNR de Pombal e da diretoria de Coimbra da Polícia Judiciária. Ao DN, um dos inspetores que acompanha o caso não adiantou pormenores, mas sabe-se que a última vez que foi detetado sinal no telemóvel de Mário, 52 anos, funcionário de uma empresa de segurança e criador de cães, foi a 17 de outubro.
"A partir daí dava um sinal esquisito, nem sequer chamava, nem dizia que estava desligado. Talvez tivesse a caixa de mensagens cheia. Eu próprio lhe tentei ligar várias vezes, deixei mensagens, e nada", conta ao DN Paulo Adão, amigo e colega de trabalho.
Mário Sousinha terá saído de casa "alterado", depois de uma discussão com a companheira, Elsa Martins, com quem vivia há cerca de dois anos. Na queixa que a própria viria a apresentar na GNR, cinco dias depois, a 21 de outubro, consta que o fez "de livre e espontânea vontade". Alegadamente saiu de casa com 200 euros no bolso, a pé, só com a roupa que vestia. Horas antes, o colega Paulo Adão falou com ele ao telefone, entre as 19h15 e as 20 horas. "Estava bem-disposto, não me pareceu nada nervoso, nada alterado, rimos muito ao telefone a contar algumas peripécias", revela. Os dois trabalham para a empresa de segurança privada PSG, cuja concessão do espaço Pombal Fashion (um centro grossista localizado à saída da A1) terminara no dia 15. E nesse dia, Mário fez o último turno, das 20 horas até à meia-noite. Foi, de resto, a última vez que se apresentou ao serviço.
Mas já a 16, durante a manhã, a irmã Paula recebeu uma chamada dele, que estranhou: ambos eram testemunhas num julgamento no Tribunal de Alcobaça, de onde a família é natural, e Mário ligou à irmã para lhe dizer que não podia ir. "Disse-me que não conseguia ir, mas não especificou porquê. Nessa altura pareceu-me normal, o tom de voz, tudo, mas depois liguei-lhe mais tarde e já não consegui falar com ele. Comecei a achar estranho ligar-lhe tantas vezes e ele não devolver a chamada", disse ao DN Paula Sousinha, a única irmã. "Nos últimos anos ele tinha períodos algo depressivos, às vezes precisava de se isolar, mas nunca ficou incontactável. Nunca deixou de atender o telefone, de perguntar pela nossa mãe, que tem demência e ele preocupa-se muito com ela", acrescenta.
Perante o silêncio de Mário, ligou à companheira. Foi aí que soube de uma discussão, no dia anterior, e da forma como o irmão tinha saído de casa. Paula Vive em Lisboa, e nos dias seguintes foi fazendo contactos telefónicos à procura de saber notícias sobre o paradeiro do irmão. Informou-se junto das autoridades policiais, que apontaram como caminho mais correto "ser a companheira a comunicar o desaparecimento dele". No sábado, 20, Paula terá dito a Elsa que "se não o fizesse, eu mesma ia a Pombal fazê-lo". De forma que a 21, domingo, Elsa Martins partilhou na sua página de Facebook uma mensagem, acompanhada de uma fotografia: "venho por este meio agradecer a todos a preocupação e informar que já dei conhecimento às autoridades do desaparecimento do Mário. Assim que souber algo eu aviso e caso alguém o veja agradeço que me informem. Obrigado". Só que até hoje ninguém mais o viu.
Contactada pelo DN, Elsa Martins confirmou a discussão "na véspera. Eu terminei o relacionamento e ele foi-se embora só com a carteira e o telemóvel". A companheira de Mário justifica que não estranhou a ausência prolongada. "Aquela cabeça não funciona bem. Ele já tinha tentado fazer muitas asneiras", afirmou, sem no entanto especificar. Por esta altura, Elsa diz que "não faz ideia se ele está vivo ou morto", pelo que aguarda a conclusão da investigação. Confirma que os guardas da GNR e agentes da Polícia Judiciária já fizeram buscas nas imediações, nomeadamente num terreno próximo, onde Mário criava cães de raça. E nada.
Os amigos e colegas de trabalho descrevem-no como "uma pessoa bem-disposta". Mário trabalhou muito tempo numa das lojas do supermercado Pingo Doce, no centro da cidade de Pombal, e deixou a imagem de "um segurança simpático". Foi aí que André Pereira o conheceu e se tornaram amigos. Aliás, ele é um dos que se têm mostrado incansáveis, demonstrando preocupação crescente com este desaparecimento, mantendo contacto com a família. A irmã, Paula, tem acompanhado as diligências das autoridades, mas começa a desesperar com a demora de notícias. "Eu acho que se o meu irmão estivesse vivo já tinha aparecido. Isto não era dele. Não é comportamento que ele tivesse. Por isso tem de estar nalgum lado". Só falta descobrir onde.