O governo polaco vai iniciar formalmente o processo de retirada da Convenção de Istambul, ratificado em 2015, na segunda-feira..O ministro da Justiça Zbigniew Ziobro disse que o documento é "nocivo" porque exige que as escolas ensinem às crianças sobre o género, pelo que, argumentou, viola os direitos dos pais e "contém elementos de natureza ideológica"..Disse também que as reformas introduzidas no país nos últimos anos proporcionam proteção suficiente às mulheres..A notícia já tinha sido avançada na semana passada pela ministra do Trabalho, Marlena Maciag, em declarações à cadeia televisiva católica Trwam..Em resposta, umas duas mil pessoas manifestaram-se na sexta-feira em Varsóvia contra a intenção do governo ultraconservador e nacionalista.."Fim à violência contra as mulheres", gritaram os manifestantes que desfilaram em direção ao Ministério do Trabalho e brandiam cartazes com a frase "A greve das mulheres", segundo a AFP.."Invenção da ideologia gay".Adotado em 2011 pelo Conselho da Europa, a Convenção de Istambul é a primeira ferramenta supranacional que fixa as normas juridicamente vinculativas para prevenir a violência de género e proteger de forma mais eficaz as mulheres vítimas de violência..Em 2012, a Polónia assinou a Convenção de Istambul, que ratificou três anos mais tarde, quando o país era dirigido por uma coligação centrista..Na ocasião, o atual ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, definiu-a como uma "invenção, uma criação feminista destinada a justificar a ideologia gay"..O partido no poder Lei e Justiça (PiS) e os seus parceiros de coligação estão alinhados com a Igreja Católica, e o governo prometeu promover os valores tradicionais da família..O presidente Andrzej Duda foi reeleito no início deste mês, após uma campanha em que descreveu a promoção dos direitos LGBT como uma "ideologia" mais destrutiva do que o comunismo..A Convenção de Istambul também originou controvérsia noutros países do chamado grupo de Visegrado..Em maio, o parlamento húngaro rejeitou esta Convenção, após o governo de Viktor Orbán considerar que promove "a ideologia destrutiva do género" e a "migração ilegal"..Em março de 2019 o parlamento eslovaco rejeitou a sua ratificação, ao argumentar que contrariava a definição de casamento na Constituição como uma união heterossexual..Mais a leste, a Rússia, que não assinou a Convenção, também infligiu um duro golpe nos direitos das mulheres em 2017. Vladimir Putin assinou de cruz uma lei aprovada no parlamento que descriminaliza atos de violência doméstica, passando apenas a punir agressões que obriguem a vítima a receber assistência hospitalar ou a faltar ao trabalho.