A ação policial visou o grupo mafioso conhecido por 'Ndrangheta', localizado na região sul da Calábria, o "dedo do pé da bota da Itália", que ultrapassou a "Cosa Nostra", da Sicília, como o grupo mafioso mais poderoso do país - e um dos maiores gangues do mundo..A polícia disse que deteve centenas de suspeitos em buscas matinais por todo o país, com algumas detenções também realizadas na Alemanha, Suíça e Bulgária..Os detidos são acusados de conspiração mafiosa, assassinato, extorsão, agiotagem, fraude corporativa e lavagem de dinheiro. "Políticos estavam envolvidos, assim como advogados, contabilistas, funcionários públicos e funcionários judiciais. Tudo pessoas que tinham empregos e não precisavam de colocar-se ao serviço da 'Ndrangheta", disse o promotor Nicola Gratteri, que liderou a investigação.."Os mafiosos não estão em posição de realizar sofisticada lavagem de dinheiro. Para fazer isso, precisam de profissionais", acrescentou..Gratteri disse que esta foi a maior operação de detenção de suspeitos de ligação à máfia em Itália desde uma massiva investida anti-máfia na Sicília, em 1984, que levou ao chamado julgamento máximo de Palermo, quando mais de 450 membros da Cosa Nostra foram julgados..O julgamento de Palermo marcou um ponto de viragem na batalha contra a máfia siciliana e a sua influência diminuiu dramaticamente nas últimas três décadas, permitindo que a 'Ndrangheta tenha ganho destaque..Os investigadores italianos dizem que o este grupo, formado por dezenas de clãs menores que respondem aos líderes seniores da Calábria, é agora o principal distribuidor de cocaína da Europa..Entre os presos nesta quinta-feira, está um ex-deputado do partido Forza Italia, de Silvio Berlusconi, o presidente de câmara de centro-esquerda de uma cidade costeira da Calábria e um alto funcionário dos Carabinieri (polícia italiana).."Isto causou um duro golpe na Ndrangheta", afirmou a ministra do Interior Luciana Lamorgese. Os investigadores dizem que, embora a 'Ndrangheta ainda esteja centrada na Calábria, uma das regiões mais pobres da Europa, conseguiu já infiltrar-se no norte rico de Itália..Antonio Fosson, o presidente do Conselho regional do Vale de Aosta, região que faz fronteira com a França e a Suíça, renunciou mesmo na semana passada depois de ser investigado por suposta manipulação de votos com ligações à 'Ndrangheta' nas eleições locais de 2018. Apesar da demissão, Fosson negou a acusação.