Política de drogas portuguesa devia ser copiada

Jornal britânico frisa os efeitos positivos da descriminalização do consumo e questiona a razão de não se estar a imitar o modelo português
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Num longo artigo publicado esta terça-feira no The Guardian, e assinado pela jornalista Susana Ferreira, a política de drogas portuguesa é elogiada. "Desde a descriminalização das drogas, em 2001, que Portugal assistiu a quedas dramáticas no número de overdoses, infeções por HIV e crimes relacionados com o consumo de de estupefacientes", pode ler-se no teaser da reportagem.

A jornalista falou com vários médicos portugueses, pioneiros nas novas políticas portuguesas de abordagem aos consumos, ainda na década de 80, como João Goulão, que abriu, em 1988, o primeiro CAT - Centro de Atendimento a Toxicodependentes, na região do Algarve.

"A política nacional [portuguesa] consiste em tratar cada indivíduo de forma diferenciada. O segredo é estarmos presentes", disse o médico, citado pelo jornal.

O artigo começa por referir que a abordagem do país ao problema partiu do ambiente de "pânico" vivido na década de 80, quando o consumo de drogas "explodiu" e atingiu todas as camadas da sociedade: "banqueiros, estudantes universitários, carpinteiros, socialites, mineiros".

Uma consequência da abertura do país, depois de 40 anos de ditadura, "Portugal abriu-se a novos mercados e influências", depois de um regime onde "a Coca-Cola tinha sido banida e era necessário licença para se ser portador de um isqueiro", recorda a publicação.

O artigo refere ainda que, apesar das reações de entusiasmo internacionais em relação ao bem-sucedido modelo português, existe ainda frustração da parte de alguns setores da sociedade portuguesa.

As críticas são dirigidas ao Estado português por ainda não ter criado salas de chuto assistidas; ter falhado no sistema de acesso rápido à droga anti-overdose Naloxona e por não ter implementado um programa de troca de seringas nas prisões.

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