Polícia filipina já recebeu primeira recompensa por matar criminosos

Político anunciou ter dado três mil dólares aos agentes que mataram traficantes
Publicado a
Atualizado a

Um político filipino anunciou esta quinta-feira na sua página no Facebook que deu mais de três mil dólares a oficiais da polícia para matarem traficantes de droga.

Esta é a primeira "recompensa" do género conhecida desde que Rodrigo Duterte foi eleito Presidente do país com a ameaça de morte a dezenas de milhar de criminosos e acontece 48 horas depois de o próximo chefe de Estado filipino ter anunciado que irá promover prémios para a execução de traficantes de droga.

Tomas Osmena, presidente eleito no município de Cebu, a segunda maior cidade filipina, ofereceu recompensas semelhantes e anunciou agora que pagou 155 mil pesos (3.300 dólares, 2.960 euros) à polícia para matar três homens que disse serem traficantes de droga, indicou a agência France Press.

Osmena não só publicou também uma série de comentários de celebração das mortes dos três homens, como atacou ainda a Comissão dos Direitos Humanos (CHR, na sigla inglesa), um organismo constitucionalmente mandatado, por investigar as circunstâncias das execuções ocorridas em 28 de maio último.

"CHR = Criminals. Have. Rights." (CHR = Criminosos. Têm. Direitos.), escreveu Osmena, e depois acrescentou entre parêntesis, "(Mais até do que as verdadeiras vítimas)".

O político descreveu um dos suspeitos executados, Rowen Secretaria, como um dos maiores traficantes de droga de Cebu.

Osmena não esteve disponível para quaisquer comentários à AFP, assim como se recusou, quando interpelado pela comunicação social, a revelar a proveniência do dinheiro para pagar as recompensas.

Osmena e Duterte, assim como todos os eleitos nas eleições nacionais, apenas tomarão posse no próximo dia 30 de junho. Não obstante, Duterte apelou já esta semana às forças de segurança para começarem a guerra contra o crime, defendendo a morte dos criminosos.

Duterte anunciou na passada terça-feira que irá dar três milhões de pesos (19,3 mil euros) às forças de segurança para matarem os líderes dos traficantes e montantes mais baixos para executarem outros membros de ranking inferior nos sindicatos da droga.

As recompensas assumidas por Osmena são, no entanto, a primeira confirmação de pagamentos feitos pela morte de suspeitos.

O discurso securitário de Duterte durante a campanha eleitoral colheu o apoio de milhões de filipinos, que caucionaram a promessa de soluções rápidas para os problemas fortemente enraizados do crime e da corrupção.

A chegada de Duterte ao poder está a causar fortes preocupações junto das organizações dos Direitos Humanos, que temem a generalização das execuções à margem da lei e o atropelo generalizado da lei.

A recente vaga de execuções de traficantes de droga apenas tem contribuído para o aumento das preocupações.

A polícia confirmou a morte de pelo menos 15 suspeitos, incluindo Rowen Secretaria e do seu grupo, desde 24 de maio. Sublinhou também que nenhuma das mortes foi ilegal, insistindo que todos os suspeitos mortos responderam com armas de fogo às tentativas de detenção.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt