Polícia faz buscas após revelação de gravação que implica Temer
A Polícia Federal brasileira realizou hoje buscas em vários endereços ligados a Aécio Neves, senador que foi candidato presidencial em 2014, que foi apanhado numa gravação ontem divulgada pelo jornal O Globo na qual o presidente Michel Temer também surge implicado num esquema de suborno.
O jornal noticiou na quarta-feira que o empresário Joesley Batista, acionista da empresa JBS, gravou uma conversa na qual o Presidente brasileiro, Michel Temer, o autoriza a pagar um suborno pelo silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, condenado por participação no esquema de corrupção na Petrobras. Segundo o mesmo jornal, o senador Aécio Neves pediu dois milhões de reais (570 mil euros) à empresa JBS para pagar aos advogados de defesa nos processos da Operação Lava Jato.
De acordo com a imprensa brasileira, esta manhã, a Polícia Federal deu cumprimento a mandados de busca e apreensão em vários endereços ligados ao senador. Há ainda um mandado de prisão preventiva contra Andrea Neves, irmã de Aécio, e contra o procurador Ângelo Goulart Vilela, do Tribunal Superior Eleitoral. No total, as autoridades têm 40 mandados para cumprir entre o Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.
Segundo a imprensa, o juiz Edson Fachin, que analisa o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), não autorizou a detenção de Aécio Neves, mas decidiu levar o pedido da PGR ao plenário do STF para que todos os juízes decidam em conjunto.
Segundo revelou o jornal O Globo, Aécio Neves foi gravado por Joesley Batista, um dos donos da JBS, a pedir dois milhões de reais como suborno. Aécio Neves terá afirmado que ia mandar uma pessoa de confiança receber o dinheiro.
"Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação [acordo com a Justiça]. Vai ser o Fred [primo de Aécio Neves] com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda", de acordo com uma transcrição da gravação divulgada pelo jornal brasileiro.
Depois desta combinação, a polícia federal, que já conhecia o esquema, seguiu o dinheiro e descobriu que o montante foi depositado na conta de uma empresa do senador Zeze Perrella, também do PSDB, que também foi um dos alvos da operação policial desta manhã.
Em comunicado, divulgado após a publicação das denúncias, Aécio Neves disse estar "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os atos. No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público".