Polícia acredita que Laura foi raptada e morta no dia em que desapareceu

Guardia Civil deu mais pormenores sobre o crime que chocou Espanha e garante que Bernardo Montoya foi o suspeito número 1 desde o dia do desaparecimento.
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O homicídio de Laura Luelmo, uma jovem espanhola de 26 anos, às mãos de Bernardo Montoya - cadastrado que tinha saído da cadeia há dois meses e que era vizinho de Laura - foi explicado com mais pormenores pela Guardia Civil espanhola esta quarta-feira, em conferência de imprensa. Mas ainda há pontas soltas.

O homem de 50 anos foi o suspeito principal da polícia desde o momento em que se conheceu o desaparecimento da jovem, devido ao seu cadastro e ao que comportamento que adotou; porém, já nada podia ser feito para evitar a morte de Laura - a polícia acredita que ela morreu no mesmo dia em que desapareceu.

O crime ocorreu em el Campillo, Huelva, a 12 de dezembro. Montoya conseguiu raptar Laura quando esta regressava de um supermercado com algumas compras. A vítima ainda resistiu e terá dado uma pancada no homem, situação que o levou dois dias depois a um centro de saúde queixando-se de dores. Mas a força do agressor foi decisiva naquele momento e Laura foi atirada com violência ao chão, o que a deixou inconsciente.

Numa ação muito rápida, segundo a polícia espanhola, Montoya colocou a vítima na mala do seu carro e transportou-a até ao lugar onde veio mais tarde a ser encontrada. Foi nesse local, num campo, que a terá violado e a matou. Os polícias de Huelva acreditam que a mulher morreu na mesma noite do seu desaparecimento, embora este facto tenha ainda de ser confirmado, já que ainda não há um relatório final da autópsia. O que é claro para as autoridades é que a agressão sexual foi cometida no campo onde o corpo de Laura foi encontrado.

Havia vários motivos que, embora não constituíssem prova do crime, fizeram a polícia suspeitar e nunca perder Montoya de vista. Estes sinais aumentaram à medida que a semana progredia e os seus movimentos eram observados. A polícia fala no seu cadastro, na sua proximidade com a vítima, no seu comportamento.

No dia do desaparecimento e já com denúncia apresentada pela família, os agentes da Guarda Civil entraram na casa de Laura para verificar se, de facto, ela não estava lá. Poucos minutos depois, quando saíam da habitação com os familiares da jovem, os guardas observam uma pessoa na mesma rua, a deixar a sua casa com uma série de objetos. Era Bernardo Montoya.

Naquele momento, os agentes interrogam o homem e perguntam se conhecia a jovem. Bernardo responde que a conhecia de vista mas não fazia ideia do que acontecera. Da central de polícia, agentes de Huelva recebem o registo criminal de Montoya, que inclui um assassinato há 23 anos pelo qual cumpriu uma longa pena de prisão. Por isso, começaram a seguir os seus passos, embora sem descartar outras possibilidades, disse o coronel Ezequiel Romero, chefe da Guardia Civil de Huelva.

A polícia estava no encalço de Montoya enquanto decorriam buscas pela desaparecida Laura. E começou a vigiar os locais onde viviam familiares do vizinho da jovem. No dia 15, sábado, da parte da tarde, foi detetado o Alfa Romeo que o suspeito utilizava na zona onde reside o seu pai. No domingo, dia 16, o perímetro de buscas foi alargado e o corpo de Laura foi encontrado cerca das 12:30. Apresentava claros sinais de agressão e estava nu da cintura para baixo. Montoya estava sob vigilância e circulou por vários locais na sua viatura. Quando regressou a El Campillo foi detido pelos guardas.

"Naquela noite contou-nos um filme, porque logicamente ele inventa muitas coisas. Adiantou que Laura lhe perguntou onde havia um supermercado, que ele respondeu e seguiu no seu carro para dar uma volta. Disse que gostou muito dela e quando ela voltou do supermercado tentou a abordagem. Mas Laura bateu-lhe com a porta do carro, ele ficou assustado e leva-a para o campo. Diz que não teve nenhum tipo de agressão sexual, que só lhe tirou as calças e a tocou", contou o responsável da Guardia Civil.

Depois foram recolhidas provas. Em casa do suspeito, num saco, a polícia encontrou a bateria do telemóvel, as chaves da casa e do carro de Laura, uma carteira vazia e outra com documentação. E havia ainda os produtos que Laura tinha comprado no supermercado. A certeza era já absoluta que Bernardo Montoya era o culpado.

Mas também foi ali detetado sangue de Laura e do agressor, o que levantou dúvidas sobre se houve a possibilidade de evitar o homicídio. A polícia argumenta que Laura terá estado na casa do agressor durante breves momentos. "A Guardia Civil nunca faz qualquer gestão que coloque em risco a vida de uma pessoa. Os dados que existiam no início do possível envolvimento de Bernardo eram nulos e, considerando a sua história criminal, se ele tivesse Laura era improvável que a mantivesse em sua casa. Estamos seguros que na noite de 12 para 13 Laura já não estava naquela casa", disse o tenente-coronel Jesús García, da Unidade Central Operativa da Guardia Civil.

"Acreditamos que ela morreu naquela noite, por causa dos testemunhos, do lugar onde aparece, da posição do cadáver. É mais provável que os detalhes da autópsia definitiva esclareçam melhor", acrescentou.

Laura Luelmo tinha iniciado uma nova vida este mês de dezembro e não passou mais de uma semana desde que tinha ido viver para El Campillo, onde arrendou uma casa, na Calle Cordoba. Tinha começado a dar aulas na escola secundária Vázquez Días.

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