PM pede perdão por abusos em colégios católicos
O tribunal, sediado em Estrasburgo, deu na terça-feira razão a Louise O'Keeffe, que denunciou e considerou o Estado irlandês responsável pelos abusos físicos e sexuais que sofreu em 1973, cometidos pelo diretor da Escola Nacional de Dunderrow, um estabelecimento gerido pela Igreja Católica, mas subsidiado por fundos públicos.
"Gostaria de dizer a Louise O'Keeffe que peço perdão por aquilo que passou no centro em que estava e pelas horríveis experiências que teve de suportar", disse hoje o chefe do Governo de Dublin, uma coligação entre conservadores e trabalhistas.
O Tribunal dos Direitos Humanos impôs uma multa de 300 mil euros à Irlanda e obrigou o estado a pagar à mulher 85 mil euros pelas despesas do processo, o que abre a porta para que outras vítimas reclamem indemnizações.
Atualmente, a justiça irlandesa tem entre mãos 135 denúncias semelhantes à apresentada por O'Keeffe, se bem que o número poderá aumentar consideravelmente após o precedente aberto por Estrasburgo.
"Infelizmente, o de O'Keeffe é um de uma longa lista de casos na Irlanda, e que nos obrigaram a fazer frente a um excecional número de casos que ferem a nossa memória", declarou Kenny.
O Supremo Tribunal irlandês condenou, em 2006, o diretor da escola a pagar 305 mil euros à vítima, mas eximiu o Estado de qualquer responsabilidade, como reclamou O'Keeffe numa apelação posterior, motivo pelo qual a queixosa levou o caso para fora das fronteiras da Irlanda.
O tribunal europeu encontrou falhas nos sistemas de detenção e gestão de denúncias de abusos contra menores na década de 1973.
O professor foi processado no início dos anos 1990 por 386 abusos cometidos contra 21 antigos alunos e em 1998 foi condenado a três anos de prisão.
Várias investigações demonstraram que milhares de crianças sofreram abusos sexuais, físicos e emocionais desde o início do século XX, revelando também a conivência entre a Igreja Católica e as autoridades do país para proteger e ocultar os responsáveis.