"Hoje este parlamento, em nome do povo australiano, assume a responsabilidade e pede desculpas pelas políticas e práticas que forçaram a separação de mães e bebés, o que criou um legado de toda uma vida de dor e sofrimento", afirmou Julia Gillard..Entre cerca de 800 vítimas que assistiram à sessão parlamentar, Gillard pediu desculpas porque foi negada a estas mães informação sobre os seus direitos para que pudessem tomar uma decisão consciente sobre as adoções dos seus filhos, assim como os cuidados e apoios para seguirem em frente.."A vocês foram dadas falsas garantias, foram forçadas a suportar a coerção e brutalidade de práticas que não foram éticas, que foram desonestas e, em muitos casos, ilegais", acrescentou a chefe do Governo, referindo-se a muitas mães alvo desta política que levou, algumas, ao suicídio..A chefe do Governo garantiu também que serão disponibilizados o equivalente a quatro milhões de euros para o acesso pelas mulheres a especialistas e aos registos de adoção e de 1,2 milhões de euros para uma exposição dos arquivos especiais..Antes da cerimónia, a diretora da Aliança para a Desculpa, Christine Cole, que em 1969 deu para adoção o seu filho, considerou ser hoje um "dia histórico" para ela e para todos aqueles que, desde 1994, trabalham para que sejam pedidas desculpas às vítimas das adoções forçadas..A prática implementada pelo Ministério da Saúde respondia ao estigma que pesava sobre as mães solteiras e a aparente falta de recursos que estas tinham para manter os seus filhos, muitos deles entregues para adoção sem documentos, o que impossibilitava determinar a sua origem..O pedido oficial de desculpa acontece depois de uma investigação do Senado australiano revelar que, entre 1951 e 1975, foram realizadas mais de 150.000 adoções, ainda que se desconheça quantos bebés foram adotados através de organizações religiosas e agências de adoção.