Placebo. Éramos todos tão jovens, não somos? 

Que bela festa de anos! Os Placebo andam pela Europa a cantar as velas do 20.º aniversário do seu primeiro álbum e tocaram esta noite em Lisboa
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Já sabíamos ao que vínhamos: o convite foi aceite por tantos que o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, esgotou esta terça-feira à noite para o que se anunciava como uma festa de aniversário. E os anfitriões, que já tinham prometido fazer deste acontecimento uma celebração, prepararam a noite ao milímetro. E que bela festa de anos. "Welcome to our birthday party", avisou o vocalista, logo depois do primeiro tema cantado em palco, Pure Morning.

Os Placebo andam pela Europa a cantar as velas dos 20 anos do seu primeiro álbum e, na segunda e última noite portuguesa, depois do concerto em Gondomar, eram muitos os adolescentes e jovens que estavam ali à frente de Brian Molko e Stefan Olsdal - com mais 20 anos em cima. Talvez por isso, já o concerto ia avançado, quando Brian se virou para esse público e exclamou, "não sei quanto a vocês, mas para mim está a ser pretty fucking intense". Ninguém se perderá na tradução.

Foram anos de lágrimas e muitas coisas boas e, em duas horas e um quarto, as memórias foram acompanhadas por muitas palmas, braços e punhos erguidos, os inevitáveis telemóveis (20 anos depois já não há isqueiros), a voz madura que não perdeu a ambiguidade sexual que sempre caracterizou o som da banda, um festim de rock que se ouvia no Coliseu à pinha, com a multidão a cantar o refrão de 36 Degrees ou a celebrar Without You I'm Nothing aos primeiros acordes e durante a projeção de imagens de David Bowie, que canta no original.

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Éramos tão novos (e Bowie parecia-nos eterno...) mas hoje, na festa dos 20 anos, os Placebo não se amarraram a um passado sem cor. "You want a party with us tonight", perguntou Brian, arrancando um sim entusiasta. "As festas são para dançar, queremos ver-vos dançar", atirou o vocalista, antes da banda de seis avançar para For What It's Worth e o Coliseu tornar-se numa gigante pista de dança e festa. Até ao primeiro encore foi sempre a speedar com Slave to the Wage, Special K, Song to Say Goodbye e The Bitter End.

No final do primeiro encore, os Placebo guardaram-se para a mensagem política explícita, com a reprodução de maços de tabaco a avisarem para o perigo de fumar Donald Trump, que nos "prejudica seriamente" e aos que estão à nossa volta. No segundo encore, em que cantaram Running Up That Hill (A Deal with God), Brian e Stefan entraram a aplaudir o público e, no fim, ficaram só os dois no palco para um arranjo psicadélico a fechar a versão da canção de Kate Bush. O aniversário é deles, a festa foi deles, eles agradeceram. Eram 23.50 - e nós também saímos agradecidos. Fucking intense.

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