Pizzi ou Pirlo? Novo maestro da Luz une "talento e inteligência"

Dois dos treinadores que apostaram em Pizzi acreditam que ele será importante na seleção. Ulisses Morais até o compara a Pirlo
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Luís Miguel Afonso Fernandes ganhou a alcunha de Pizzi porque na juventude, em Bragança, jogava com os amigos com uma camisola do Barcelona e, como marcava muitos golos, herdou o nome do avançado argentino que fazia furor nos blaugrana. Contudo, a alcunha que lhe assentava melhor era... "Pirlo". É essa a ideia transmitida ao DN por Ulisses Morais, treinador que o lançou, aos 20 anos, na I Liga ao serviço do Paços de Ferreira. "Não sou muito dado a comparações de jogadores, mas podemos encontrar muitas semelhanças de Pizzi com o Pirlo", assume o técnico de 57 anos, lembrando que o italiano também desempenhou várias posições antes de se fixar como médio mais recuado.

"O Pizzi já foi avançado, extremo direito e esquerdo, médio defensivo, até já o vi jogar a lateral e agora desempenha a função de médio que se convenciona chamar de número 8", lembra Ulisses Morais, que não tem dúvidas numa coisa: "Jogue onde jogar, ele joga sempre bem porque é um predestinado e tem uma grande inteligência, que, aliada à experiência que adquiriu ao longo dos anos, permite-lhe tomar sempre as melhores decisões durante o jogo."

Um dos treinadores que melhor conhecem o médio do Benfica é João Eusébio. "Conheci-o quando treinava o Bragança e ele tinha 15 anos e estava nos juvenis. Chamei-o muitas vezes para treinar com os seniores", revela o atual técnico do Varzim, para quem Pizzi desde cedo revelou ser "um talento precoce". Curiosamente, foi João Eusébio que o foi buscar mais tarde para o Sp. Covilhã, na II Liga, em 2009-10. "Ele estava no Ribeirão e comecei a utilizá-lo atrás do ponta-de-lança, mas também o utilizei nas alas", recorda Eusébio, que apenas conseguiu tê-lo durante seis meses, pois em janeiro Pizzi mudou-se para o Paços de Ferreira (I Liga), pela mão de Ulisses Morais. "Já o conhecia dos juniores do Sp. Braga e cedo percebi que ele tinha algo que é raro: magia, criatividade e capacidade de improviso. Consegui convencer os dirigentes a contratá-lo, pois achava que fazia coisas extraordinárias e só precisava de ser mais consistente", recordou o técnico que lançou Pizzi num jogo com o FC Porto, no Dragão, que os pacenses empataram 1-1.

Ulisses Morais concorda com Rui Vitória, que após o jogo de domingo com o Moreirense disse que o médio está no ponto ideal de maturação. "Hoje em dia é um jogador que se assume, não tem medo e inventa aquilo que mais ninguém é capaz na equipa do Benfica", sublinha o ex-treinador do Famalicão, considerando que "a experiência que Pizzi adquiriu faz que agora tome sempre as melhores decisões". João Eusébio concorda em absoluto com esta ideia, destacando que desde que chegou à Luz "ganhou consistência, que só surge com os jogos, e confiança", o que em sua opinião permite que esteja "em evolução constante".

Um jogador de seleção

O atual treinador do Varzim considera que agora "já olham para Pizzi com respeito, algo que antes não acontecia por ser oriundo da formação de um clube do Interior". "Hoje é um jogador acima da média, depois de ter feito um percurso em ascensão para quem não nasceu num grande clube", sublinha João Eusébio, que se mostra surpreendido com o facto de Pizzi não ter sido chamado mais regularmente à seleção nacional, "sobretudo por se tratar de um jogador que faz várias funções na equipa", embora esteja convencido de que "o selecionador nacional tem-no na sua lista alargada de opções".

Ulisses defende que "a importância de Pizzi na organização do jogo do Benfica só é possível porque joga ao lado de Fejsa, que lhe presta uma ajuda preciosa para que se liberte". Nesse sentido, considera que "há espaço para Pizzi na seleção, que tem grandes valores no meio-campo". Ainda assim, deixa a certeza de que "o trabalho que tem desenvolvido não passa despercebido a Fernando Santos", razão pela qual considera que a afirmação na equipa das quinas "está apenas à espera de uma oportunidade, para que seja um jogador imprescindível nos próximos anos".

Para já, Pizzi tem sido essencial no Benfica, como o demonstram os sete golos que já marcou, estando apenas a quatro do seu recorde numa época: 11 no Paços de Ferreira treinado por... Rui Vitória.

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