É em aeronaves do tempo da guerra colonial que a Força Aérea ainda forma os seus pilotos de helicópteros. E os que vão para os caças F-16 fazem o treino complementar na frota dos Alpha Jet, oferecidos em 1994 pela Alemanha a Portugal e agora com quase quatro décadas de vida..Daí estarem já em curso estudos sobre a solução a implementar nos próximos três anos, soube o DN junto de fontes militares. As soluções possíveis - porque não há dinheiro para adquirir novos meios aéreos até 2018, mesmo em segunda mão - apontam para o recurso a empresas privadas ou o envio dos formandos para o estrangeiro, assumiram os oficiais envolvidos no processo e ouvidos na condição de não serem identificados..O problema reside na impossibilidade de estender "para lá de 2018" o tempo de vida útil dos helicópteros ligeiros Alouette III - que são do tempo da guerra colonial - e dos Alpha Jet, alertou uma das fontes. "Em ambas as frotas, o apoio logístico ou deixou de existir ou é de tal maneira caro que não é comportável", assumiu o mesmo oficial..Pior, "mesmo que houvesse mais dinheiro, teria de se pensar muito bem se seria possível aumentar a taxa de esforço [número de horas voadas anualmente] das duas frotas, para não apressar o fim de vida útil" dos Alouette e dos Alpha Jet (ambas as frotas sedeadas na base aérea de Beja), sintetizou outro responsável da Força Aérea..O assunto foi abordado com o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, quando este realizou há poucas semanas a sua primeira visita à Força Aérea, confirmou ao DN o porta-voz do ramo. O coronel Rui Roque adiantou que, em 2015, os Alouette voaram 1300 horas (com um custo estimado de 1100 euros cada uma), enquanto os Alpha Jet operaram 600 horas (3300 euros)..Registe-se que dois dos seis helicópteros ligeiros - usados na instrução elementar e complementar dos respetivos pilotos - ainda estão em alerta permanente diário, para operações de busca e salvamento costeiro (até às cinco milhas, um em Ovar e o outro em Beja)..No caso dos seis dos 50 Alpha Jet recebidos por Portugal que ainda operam, tendo entrado ao serviço da Força Aérea alemã a partir de 1978, realizaram o último voo operacional com a Cruz de Cristo no final de 2005. Desde então servem unicamente para a instrução avançada dos aviadores destinados aos caças F-16..Outro oficial envolvido nos trabalhos de pesquisa do mercado resumiu o problema de forma pragmática. "Há uma questão que temos sempre presente: com o orçamento que há, hoje em dia não é realista estar a pedir dinheiro para comprar tudo e mais alguma coisa... e se não é realista não é exequível!".A procura de soluções alternativas ainda está numa fase embrionária", em que os responsáveis da Força Aérea - e da tutela, que aguarda o memorando do ramo com as várias hipóteses - procuram uma que seja "economicamente viável e sem estar a carregar o orçamento", precisou um oficial general.."Temos de fazer uma análise custo/eficácia" sobre a melhor solução, que passa por saber "quantos pilotos precisamos de formar por ano e qual o seu custo versus outras opções", referiu esta fonte, apontando como exemplo o caso da formação dos pilotos aviadores destinados aos caças F-16: "No mercado de instrução internacional há opções em que os países não são donos dos aviões... há uma empresa que os tem e vende horas de voo. Numas Forças Aéreas é a própria empresa que opera e a única coisa que se paga são as horas e o pessoal, noutras os aviões são disponibilizados e é o ramo que os opera.".O caso dos helicópteros ligeiros é diferente: trata-se de uma capacidade conjunta que envolve a instrução de pilotagem e o cumprimento de missões operacionais e de interesse público tanto da Força Aérea como do Exército..Quanto aos alunos atualmente em formação como pilotos aviadores, a Academia da Força Aérea tem 71 cadetes. Desse total, três são mulheres e 16 já estão no tirocínio (só dedicados ao voo), disse Rui Roque.