PGR moçambicano defende limpeza na polícia e magistratura para acabar com raptos

O procurador-Geral da República de Moçambique, Augusto Paulino, disse hoje em Maputo que o Estado será incapaz de combater a onda de raptos que assolam o país enquanto não houver uma "purificação de fileiras no judiciário".
Publicado a
Atualizado a

"Os raptos não cessarão enquanto não houver uma profunda purificação de fileiras dos infiltrados no nosso seio, no seio do judiciário", enfatizou Augusto Paulino, falando aos magistrados do Ministério Público moçambicano, reunidos no Conselho Coordenador da Procuradoria-Geral da República de Moçambique.

As cidades moçambicanas, principalmente a capital, Maputo, têm sido abaladas por dezenas de raptos nos últimos dois anos, incluindo a portugueses, com vista a pagamento de resgates.

Augusto Paulino apontou a recente condenação de agentes da polícia moçambicana por envolvimento em raptos, como prova da colaboração dos agentes da lei e ordem com grupos que se dedicam aos raptos.

"Estes companheiros não dignificaram a farda que usaram. Usaram as armas do Estado para a prática de raptos contra o nosso povo. São companheiros que se colocaram claramente ao serviço do nosso inimigo - o crime organizado", sublinhou o procurador-Geral da República de Moçambique.

Augusto Paulino criticou a qualidade do trabalho de alguns juízes que julgaram processos sobre raptos, acusando-os de não recorrerem a peritos para a recolha de informações que possam enriquecer a investigação.

"Alguns magistrados não se dão ao trabalho de pedir explicações aos peritos, acabando por ignorá-los", acrescentou Paulino.

Para Augusto Paulino, as dificuldades que alguns magistrados enfrentaram para persuadir vítimas e testemunhas a colaborarem com a justiça demonstram o desconhecimento pelos magistrados da lei sobre a proteção das vítimas e testemunhas.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt