"Pesadelo, pesadelo!" Relatos dos turistas apanhados na falência da Thomas Cook
"Pesadelo, pesadelo, estou stressado. Não era isto que queríamos antes de voltar para casa", contou à Reuters Nick, um dos 600 mil turistas apanhados pela falência do operador turístico britânico Thomas Cook. Nick, que viajou com os dois filhos, de 12 anos e 18 meses, para Palma de Maiorca, está agora preso no aeroporto da ilha espanhola nas Baleares mas procura relativizar. "O que é que se pode fazer? Outras pessoas perderam os empregos, por isso não é assim tão mau para nós".
Quanto a regressar ao Reino Unido, Nick admite que ainda pode demorar. "Não vai haver voos, vamos ficar presos aqui no aeroporto pelo menos até às 19.00. O nosso voo estava marcado para as 22.00 de domingo. Agora vamos apanhar um avião para Manchester e depois vamos de carro até Newcastle".
A escocesa Helen também está no aeroporto de Palma. "Eles disseram que nos iam redirecionar de Glasgow para Birmingham e depois de autocarro até Glasgow. É o que sabemos agora. Mas as coisas podem mudar". Helen lamenta toda esta situação. E também o que está a acontecer com o pessoal da Thomas Cook. "É triste. Também fico triste pelo staff".
Helen não é a única à espera de voo para regressar a Glasgow. A Reuters falou ainda com uma mãe em cadeira de rodas que ficou também retida no aeroporto de Palma de Maiorca. "Estou muito ansiosa porque não sei como é que vou voltar para casa se nos levarem para Birmingham ou para outro sítio qualquer. Estou muito cansada. Vai ser muito difícil, promete ser um longo dia".
Questionada sobre as informações que estão a ser dadas aos passageiros, a escocesa garantiu: "Nenhuma! Ficámos a saber o que estava a acontecer pelas notícias. Ninguém nos telefonou, ninguém nos enviou um email, só descobrimos o que se passava quando chegámos aqui".
O operador turístico britânico Thomas Cook anunciou esta segunda-feira falência depois de não ter conseguido encontrar, durante o fim de semana, fundos necessários para garantir a sua sobrevivência e, por isso, entrará em "liquidação imediata".
"Apesar dos esforços consideráveis, as discussões entre as diferentes partes interessadas do grupo e de novas fontes de financiamento possíveis, não resultaram em acordo", apontou o operador turístico britânico em comunicado.
"Desta forma, o Conselho de Administração concluiu que não tinha escolha, a não ser tomar medidas para entrar em liquidação com efeito imediato ", acrescentou.
As autoridades terão agora que organizar um repatriamento maciço de cerca de 600 mil turistas em todo o mundo, incluindo 150 mil para a Grã-Bretanha.
O grupo precisava de arrecadar 200 milhões de libras (cerca de 227 milhões de euros) em fundos adicionais, reivindicados pelos bancos, como o RBS ou o Lloyds.
A grave situação financeira da empresa teve impacto imediato junto de clientes que gozam pacotes de férias organizados pela operadora de viagens no exterior. Estes não conseguiram sair dos complexos (hotéis e resorts), sem pagar os valores decorrentes das estadas, já depois de terem efetuado o mesmo pagamento à Thomas Cook.