Perto de 87 mil rohingya refugiaram-se no Bangladesh desde 25 de agosto
O gabinete de coordenação das Nações Unidas no Bangladesh disse hoje que perto de 87.000 pessoas da etnia rohingya chegaram ao país em fuga da Birmânia desde 25 de agosto.
A violência começou com o ataque naquele dia de cerca de três dezenas de postos de polícia pelos rebeldes do Exército de Salvação do Estado Rohingya (ARSA), que dizem pretender defender os direitos desta minoria muçulmana na Birmânia.
O exército birmanês respondeu com uma vasta operação na região, no Estado de Rakhine, obrigando dezenas de milhares de pessoas a abandonarem as suas casas.
Segundo os militares birmaneses, o balanço de 10 dias de violência é de 400 mortos, entre os quais 370 "terroristas" rohingya.
"Se isto continua, vamos ter grandes problemas. Mas é impossível travar o fluxo, há gente por todo o lado", disse hoje um guarda-fronteiriço, que não quis ser identificado, na cidade de Cox's Bazar no Bangladesh, à agência France-Presse.
Os refugiados encheram três campos de acolhimento criados nos anos 1990 e milhares de outros abrigam-se onde encontram espaço.
O hospital Sadar em Cox's Bazar tratou hoje 31 homens daquela minoria que chegaram com membros partidos e feridas de tiros, disse o médico Shaheen Abdur Rahman Choudjhury.
Todos eles contam histórias semelhantes de soldados birmaneses que dispararam indiscriminadamente nas suas aldeias nos dias 26 e 27 de agosto, adiantou o médico.
"Dispararam sobre eles, as suas casas foram incendiadas, foram forçados a fugir. Estas são as descrições que nos fazem", referiu Choudhury.
O hospital, já "muito sobrecarregado", espera receber muitos mais refugiados feridos, disse.
A violência interétnica entre a minoria muçulmana e a maioria budista na Birmânia é frequente há anos, concentrando-se nesta região do oeste do país.