Pernas há, mas faltam ainda ideias. E a Supertaça está aí à porta
O Torino levou a Taça Eusébio para Itália depois de vencer o Benfica na lotaria das grandes penalidades. Os encarnados até marcaram primeiro, mas os italianos chegaram ao empate e levaram o jogo para a decisão dos penáltis. E aí foram mais fortes, com Lindelöf a falhar o derradeiro castigo máximo.
Se há coisa com que Rui Vitória pode ficar satisfeito é com o nível físico que os seus jogadores apresentaram ontem. Com menos de um mês de preparação, voltaram ontem a provar que parecem preparados para iniciar a temporada com uma forte capacidade física. Ontem demonstraram-no quase sempre ao longo do jogo (apenas Carrillo parece ainda uns furos abaixo dos colegas). Muita pressão alta, velocidade de cruzeiro pelas alas e capacidade de recuperação. Tudo em níveis muito altos. Contudo, ainda falta o resto.
Ao contrário do que revelaram, por exemplo, em alguns dos momentos dos jogos com o Sheffield Wednesday e Wolfsburgo, ontem faltaram ideias. Muito também por culpa da estratégia adotada pelo Torino, que se apresentou muito compacto a defender, anulando sobretudo os jogadores da frente de ataque, primeiro Mitroglou e Gonçalo Guedes (na primeira metade) e depois Raúl Jiménez e Jonas (segundo tempo).
Um autogolo de Vives, aos 11 minutos, até deu ânimo aos encarnados, que tinham entrado muito fortes. No entanto, as ideias para ultrapassar o bloco italiano eram poucas. Havia vontade, disponibilidade física, mas pouco mais. O Torino também se apercebeu disso e aos poucos foi subindo no terreno. A equipa italiana não criou muitos lances de perigo nos primeiros 45 minutos, mas acabou, ainda assim, por empatar, aos 32", num livre direto de Ljajic.
Rui Vitória fez várias alterações ao intervalo, tentando também dar ritmo a outros jogadores, até porque já no próximo dia 7 joga-se a Supertaça diante do Sp. Braga. Mas se a ideia era perceber quem realmente está mais preparado para esse primeiro jogo oficial, o treinador pouco viu. Havia, mais uma vez, velocidade, os jogadores demonstravam vontade, mas se antes não havia ideias, os "pensadores" para este segundo tempo, Samaris e Pizzi, ainda acrescentaram menos.
O Torino fez menos alterações e pareceu melhor do que as águias. Incomodou mais vezes a baliza encarnada e aí Júlio César, que substituiu Paulo Lopes na etapa complementar, teve de mostrar-se. E bem, revelando que a lesão que o afastou da equipa nos últimos meses parece totalmente debelada. Esta foi, sem dúvida, uma boa notícia para Rui Vitória, até porque Ederson está lesionado e o jogo com os bracarenses está perto.
O empate aos 90 minutos acabou por ajustar-se, até porque o Benfica só incomodou verdadeiramente os italianos aos 84", quando Luisão acertou no poste, mas também os transalpinos criaram algumas boas ocasiões. Na lotaria das grandes penalidades todos pareciam em noite de pontaria afinada, até que ao sexto remate Lindelöf acabou por enviar à trave, dando o triunfo ao Torino, que assim conquistou a Eusébio Cup.