"Perdidos os sonhos de ser astronauta ou futebolista, resta-me o de produtor de vinho"

O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, Paulo Gonçalves Marcos, diz que se leva demasiado a sério e que esse será, talvez, o seu maior defeito.
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A sua virtude preferida?
O espírito crítico, na vertente de duvidar de certezas imutáveis e procurar sempre ir além do cómodo.

A qualidade que mais aprecia num homem?
Confesso que não vejo as qualidades como estando associadas a um género particular. Contudo, relevo imenso a capacidade de os homens serem leais. Algo canino, amiúde, e que em dose excessiva explica parte da cegueira de sociedades e organizações, em volta de líderes carismáticos.

A qualidade que mais aprecia numa mulher?
A capacidade de se adaptarem e de serem versáteis.

O que aprecia mais nos seus amigos?
Amigos verdadeiros são aqueles que nos obrigam a dar o nosso melhor, que possuem sentido crítico e não nos deixam cair em complacência.

O seu principal defeito?
Difícil escolher apenas um....Talvez o de me levar demasiado a sério...

A sua ocupação preferida?
Caminhar sem destino. Parar para ler e escrever. Recomeçar a caminhada.

Qual é a sua ideia de "felicidade perfeita"?
Ter tempo para ver crescer os meus filhos e poder passar-lhes valores, crenças e espírito crítico.

Um desgosto?
A perda de autonomia física dos meus pais.

O que é que gostaria de ser?
Estou bem na minha pele. Perdidos os sonhos de ser astronauta ou futebolista, resta-me ainda o de produtor de vinho.

Em que país gostaria de viver?
Quanto mais conheço, mais gosto de Portugal. Pena que o trabalho e os trabalhadores sejam tão pouco valorizados, tão fustigados por leis laborais dignas de um país terceiro-mundista, tão sobrecarregados de impostos e com tanta dificuldade de conciliar responsabilidades profissionais e parentais.

A cor preferida?
A cor das camisolas do Benfica.

A flor de que gosta?
Rosas vermelhas. Amor, paixão, desejo. Tudo junto!

O pássaro que prefere?
A cotovia, de Romeu e Julieta, de Shakespeare. O pássaro que anuncia o dia, tempo de separar os amantes.

O autor preferido em prosa?
Pepetela, ou a renovação da língua portuguesa, sem amarras e com um vigor narrativo fabuloso.

Poetas preferidos?
Ferreira Gullar, no sublime Poema Sujo, hino à liberdade, no exílio, lembrando-nos que nada deve ser dado como garantido na defesa da dignidade da pessoa humana.

O seu herói da ficção?
Sandokan, de Emílio Salgari. Pela generosidade, a coragem, a luta contra a opressão, o amor, a lealdade. Pela não resignação a um destino que parece traçado.

Heroínas favoritas na ficção?
Josey Aimes (Charlize Theron), em North Country, pela sua autonomia, pela luta pelos seus direitos e contra a discriminação. Aquilo em que acreditamos.

Os heróis da vida real?
O meu pai, capitão de Abril. A minha mãe, professora, sindicalista e apoiante de Humberto Delgado. Pelos valores e pelo exemplo. Pela crença na centralidade da Pessoa Humana. Pela recusa de totalitarismos e homens providenciais.

As heroínas históricas?
Vera Lagoa, jornalista, combatente pela liberdade e pela verdade.

Os pintores preferidos?
Alexandre Farto. Personagem maior da arte urbana e de uma certa conceção de modernidade.

Compositores preferidos?
Frederico Valério, que deu asas a Amália Rodrigues, e que triunfou no exigente mercado norte-americano. José Pedro (Xutos e Pontapés) que deu azo ao "Não sou único" de toda a uma geração.

Os seus nomes preferidos?
António, Matilde, Madalena, Joaquim, Estela.

O que detesta acima de tudo?
Hesito em escolher a estupidez ou a ganância. Ambas muito deploráveis.

A personagem histórica que mais despreza?
Pol Pot, pela violência, brutalidade e sistematização do genocídio de um povo. Por vezes, parece ser demasiado estudado nas business schools por líderes empresariais, o que mostra como o mal assume formas e campos de intervenção inesperados, como se banaliza.

O feito militar que mais admira?
Dois que gostaria de chamar a atenção. O domínio do Índico, com a conquista de Ormuz e de Goa, como pináculos da tecnologia, da força de uma ideia e da preparação portuguesa. O 25 de Abril pela recusa do TINA (there is no alternative)

O dom da natureza que gostaria de ter?
Leveza.

Como gostaria de morrer?
Tranquilo, num sentido católico, e em paz com a minha consciência.

Estado de espírito atual?
Combativo. Insubmisso.

Os erros que lhe inspiram maior indulgência?
Os erros cometidos por homens (ou mulheres) bons, honestos.

A sua divisa?
Também (tudo) isso passará.

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