Penedos não questionava origem de prendas de Natal

A antiga secretária pessoal de José Penedos, arguido no processo "Face Oculta", disse hoje que o ex-presidente da REN - Redes Energéticas Nacionais não questionava a origem dos presentes que recebia no Natal.
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Anabela Moreira foi a primeira das cinco testemunhas arroladas pela defesa de José Penedos a ser ouvida no tribunal de Aveiro.

A testemunha começou por admitir que, durante a quadra do Natal, era habitual José Penedos receber presentes de "empresas que trabalhavam com a REN, bancos e entidades oficiais".

Questionada sobre o tipo de ofertas, disse que se tratavam de "garrafas de vinho, livros, canetas, peças de porcelana e de cristal", acrescentando que o arguido "não valorizava os presentes".

Anabela Moreira contou ainda que retirava os cartões que vinham com as ofertas e adiantou que José Penedos levava os presentes para casa, sem questionar a sua origem.

José Penedos, que está acusado de dois crimes de corrupção e outros dois de participação económica em negócio, integra a famosa lista com as prendas oferecidas pelo sucateiro Manuel Godinho, entre 2002 e 2008.

O ex-presidente da REN tinha a categoria mais elevada, e surge como recetor dos presentes mais caros distribuídos pelo sucateiro de Ovar, tendo recebido ofertas num valor total de mais de cinco mil euros.

A testemunha mais aguardada do dia era o antigo ministro das Finanças Eduardo Catroga, que não chegou a comparecer no tribunal, invocando motivos de doença.

Para hoje estava também agendada a audição de José Escada da Costa, mas o tribunal adiou o depoimento para o dia 13 de dezembro.

Das testemunhas de José Penedos falta ainda ouvir o ex-presidente da República Jorge Sampaio e Carlos Costa Pina, cuja audição está agendada para o dia 07 de dezembro.

Durante a sessão da manhã, o tribunal ouviu mais testemunhas abonatórias de Paulo Penedos, coarguido no processo, nomeadamente o constitucionalista Gomes Canotilho, Rui Alarcão e Silva, antigo reitor da Universidade de Coimbra, e o deputado do PSD Paulo Mota Pinto.

O advogado de Paulo Penedos, por seu lado, apresentou hoje de manhã, no Departamento de Investigação e Ação Penal de Aveiro, uma queixa-crime contra desconhecidos, por prevaricação e violação do segredo de justiça.

Ricardo Sá Fernandes formalizou a participação na sequência de notícias recentes em que são revelados pormenores de uma certidão extraída do processo "Face Oculta" com, supostamente, novos indícios de tráfico de influência e corrupção.

O processo "Face Oculta" está relacionado com uma alegada rede de corrupção, que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho, nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas.

Entre os arguidos estão personalidades como Armando Vara, ex-administrador do BCP, e José Penedos, ex-presidente da REN, e o seu filho Paulo Penedos.

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