Pela primeira vez desde 1749 há mais homens que mulheres
A Suécia foi apanhada de surpresa com a fotografia feita à demografia do país: há, desde 2015, mais homens do que mulheres. Uma reviravolta surpreendente, repentina e inesperada. Nunca, desde que os registos começaram em 1749, a Suécia tinha tido uma população maioritariamente masculina. As mulheres dominavam, num país conhecido pelos esforços para dar igualdade de género, como acontecia na maioria dos países ocidentais.
Há uma década ninguém imaginava que esta reviravolta demográfica fosse acontecer, diz a Associated Press. Em 2003, a agência sueca de estatísticas previu que os homens estariam em maioria naquele país em 2050. Três anos mais tarde, o organismo reviu essa projeção tendo antecipado que isso aconteceria em 2040. Chegados a 2015, os suecos superaram as suecas.
Em março do ano passado havia mais 270 homens que mulheres naquele país, com uma população de cerca de 10 milhões de pessoas. Desde então, a diferença tem vindo a aumentar e, atualmente, já rondará os 12 mil.
A tendência de natalidade é a mesma: nascem mais rapazes que raparigas (numa proporção de 105 para 100 a nível da Europa). Tendencialmente, as mulheres vivem mais tempo, mas nos últimos anos os homens começaram a viver vidas mais saudáveis, a ter trabalhos menos duros, a alimentar-se melhor, a beber e a fumar menos, a ter mais acesso a cuidados de saúde. Fatores que têm aumentado a esperança média de vida da população masculina.
Além disso, a crise dos refugiados tem alterado a demografia da Europa.
Com uma população de pouco mais de 500 milhões de pessoas, a União Europeia tinha no ano passado mais 12 milhões de mulheres que homens. Mas o Eurostat estima que o fosso entre os dois sexos será inferior a um milhão de indivíduos em 2080.
Segundo uma análise da Associated Press às estatísticas nacionais e europeias, as mulheres continuarão a estar em maioria em grande parte dos países das União Europeia durante as próximas décadas, mas o número de homens está a aumentar rapidamente na generalidade e em alguns países do norte e centro da Europa. Na Alemanha, por exemplo, onde devido às duas guerras mundiais havia um défice de homens (87 para 100 mulheres) em 1960, havia no ano passado 96 homens para cada 100 mulheres. No Reino Unido, o racio sexual está nos 97-100, prevendo-se que os homens estejam em maioria em 2050.
Em Portugal, segundo dados compilados pela Pordata e INE, a população feminina está em maioria, com 5,4 milhões de indivíduos do sexo feminino em 2014 para 4,9 milhões de homens.
O cenário é recente e, por tão inesperado, os investigadores ainda não sabem que repercussões que esta inversão demográfica poderá ter na sociedade.