O projeto LIFE ÁGUEDA - Ações de conservação e gestão para peixes migradores na bacia hidrográfica do Vouga, cujo investimento ascende a 3,3 milhões de euros, é coordenado pelo centro de investigação científica, desenvolvimento tecnológico e inovação da Universidade de Évora (MARE), tendo como parceiros a Docapesca e o Município de Águeda, e tem como objetivo principal a reabilitação de habitat para os peixes migradores na bacia do Rio Vouga..Pedro Raposo de Almeida, da Universidade de Évora, que coordena o projeto, explicou à Lusa que, no segundo semestre de 2018, foi submetido à aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) o relatório preliminar das intervenções previstas para os obstáculos existentes nestes dois rios, inventariados no decorrer de missões exploratórias entre 2015 e 2017. ."No estudo prévio foram apresentadas as soluções de restituição da continuidade fluvial, cujas obras deverão arrancar após o devido processo de análise e aprovação pelas duas entidades. Nos troços selecionados, irão ser executadas soluções demonstrativas, como é o caso das passagens para peixes naturalizadas, previstas para quatro locais, onde se pretende mitigar as pressões existentes, mantendo simultaneamente os usos atuais", esclareceu Pedro Almeida. .Uma passagem para peixes é um dispositivo que constitui um caminho artificial alternativo ao curso de água, onde existe uma barreira intransponível ou dificilmente transponível pelas espécies piscícolas..A instalação dessas infraestruturas está prevista para três locais no rio Águeda, onde os obstáculos existentes asseguram a captação de água para consumo e para uso em campos agrícolas, e permitem a utilização do rio como área de lazer..Procurando a compatibilização de usos, as soluções apresentadas no estudo prévio "permitirão mitigar o efeito dos obstáculos à livre movimentação dos peixes migradores e restante comunidade piscícola, sem comprometer a utilização dada pela população a cada um dos locais a intervencionar", assegura o investigador. .Já a passagem para peixes projetada para o rio Alfusqueiro irá promover a preservação de moinhos centenários, bem como o açude que lhes está associado..Este será também o ano de arranque de uma solução piloto que pretende dar apoio à gestão sustentável da pesca de peixes migradores na bacia do Vouga. .A DOCAPESCA, parceira no projeto, concluiu em 2018 os estudos necessários ao design e licenciamento de um protótipo que irá desempenhar as funções de Lota Móvel, tendo auscultado as associações de pesca e pescadores profissionais do Rio Vouga e da Ria de Aveiro. ."Espera-se ter a Lota Móvel em pleno funcionamento já esta época de pesca de lampreia e sável que decorre até abril. Paralelamente a este projeto, irá ser testada a utilização de uma etiqueta que pretende atestar a origem do pescado desta região e a sua proveniência com base num modelo de pesca sustentável", revela o coordenador. .A marca ou selo de origem estará disponível no arranque da Lota Móvel, com a indicação "Peixe do Vouga", a identificação do projeto LIFE Águeda e o Certificado de Compra em Lota (CCL).