"Acho impensável e não faz sentido, num país democrático, que aqueles que fazem parte de órgãos de soberania, por mais razão que tenham, recorram à greve para fazer valer os seus pontos de vista ou os seus direitos", disse Pedro Passos Coelho durante a sua intervenção na apresentação dos candidatos autárquicos em Aljezur no Algarve..Para o líder do PSD, "seria impensável que o Presidente da República, os deputados e os membros do Governo fizessem greve, o mesmo sendo com impensável com os juízes e os magistrados"..Passos Coelho defendeu que "os órgãos de soberania não devem ter os seus membros, os seus agentes, nessa aceção que se dá do ponto de vista sindical ao direito à greve".."Espero, realmente, que esta decisão seja reavaliada. Não me parece que faça sentido", sublinhou..Na sua intervenção, Pedro Passos Coelho acrescentou que não compreende como é que o Governo se manifestou surpreendido com as reações de muitos agentes da administração pública, quando essas reações decorrem do que se constata atualmente: "Há muitas instituições em Portugal, sindicatos e trabalhadores, que com esta solução de Governo [PS, PCP e BE), criaram expectativas extremamente elevadas quanto àquilo que deveria ser o resultado de negociações que decorrem com o Governo".."O Governo vem colhendo aquilo que semeou, dando a entender às pessoas que vivemos como nunca, em grandes possibilidades, o que não era possível antes quando havia um governo terrível que não gostava das pessoas e dos trabalhadores", frisou numa alusão ao seu Governo, acrescentando que "esses agentes, muitas vezes, quando sentem que os problemas não se resolvem, decidem passar para outra fase da sua insatisfação"..O líder do PSD criticou também o comunicado emitido pelo Governo em resposta à anunciada greve dos juízes, ironizando que o mesmo refere que "o Governo tem grande simpatia pelos senhores juízes, mas acha que a conjunta económica e financeira não permite satisfazer as suas reivindicações".."Para nossa surpresa este não é o discurso habitual do Governo, e não é habitual desculparem-se com a conjuntura económica para não resolver problemas", destacou o líder dos sociais-democratas, questionando que "o primeiro-ministro e os ministros estão sempre a dizer que a economia está melhor e como é que aqui não permite resolver os problemas"..Para Pedro Passos Coelho "não se pode levar a sério o Governo no discurso político com esta maneira de estar", afirmando que é assim que se descredibiliza a política.