Pedrita sobre pedrita: os azulejos feitos autorretrato(s)
Rita é uma senhora que trabalha numa farmacêutica francesa. Pedro é Adam Levine, da banda Maroon 5. Rita é uma candidata a uma eleição local algures nos Estados Unidos. Pedro é modelo num qualquer hair style guide coreano. "Je est un autre", escrevia Rimbaud. Pois Rita João e Pedro Ferreira, dupla que forma o estúdio de design Pedrita, experienciaram-no pelo menos cinco vezes cada um em dez painéis que estão agora expostos na galeria Underdogs, em Lisboa. E se Rimbaud tinha 26 letras à sua disposição, os Pedrita tiveram 900 azulejos como alfabeto.
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Esta história deve ser contada por partes, como quem construísse um mosaico de azulejos ímpares e, no final, recorresse ao afastamento do espelho para ver a figura final, como acontece na exposição Best Guess for this Image (Melhor Palpite para esta Imagem). Há o avô de Pedro, Joaquim Cortiço, que trabalhou como grossista e merceeiro e na década de 1970 se dedicou a um negócio em torno do azulejo industrial, adquirindo os restos do fim de linha das fábricas. "Ao fim de 30 anos, fez-se história, não é?", pergunta retoricamente Pedro.