Cerca de 350 mil pessoas, segundo a Guarda Urbana de Barcelona, manifestaram-se este sábado à tarde em Barcelona sob o lema "Liberdade", numa demonstração de rejeição da sentença do Supremo Tribunal espanhol no passado dia 14 contra vários líderes independentistas. Durante a tarde, o protesto decorreu de forma pacífica, mas já à noite há registo de vários distúrbios. Cerca das 22.30 a polícia pediu à população que, "por segurança", se mantivesse afastada da plaza Catalunya, falando em "barricadas" e "fogueiras" em vários pontos da cidade. .De acordo com a imprensa espanhola, três manifestantes foram detidos e há registo de 15 feridos ligeiros. Também um polícia ficou ferido, neste caso com gravidade, depois de ter caído de um veículo da polícia que seguia com as portas abertas. .A manifestação, convocada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC), Òmnium Cultural e um grande grupo de entidades da sociedade civil e culturais, encheu a avenida da Marina de Barcelona, de acordo com a agência Efe, para protestar contra as sentenças proferidas pelo Supremo Tribunal contra os líderes do procés, o caso que envolve o julgamento dos líderes catalães associados ao referendo independentista de 1 de outubro de 2017..Vários milhares de pessoas convocadas pelos denominados Comités de Defesa da República (CDR) concentravam-se ainda, pelas 19.30 (18.30 em Lisboa), em frente à sede da Polícia Nacional, na Avenida Laietana de Barcelona, em frente a um forte dispositivo policial. Segundo o El País, a polícia carregou sobre os manifestantes concentrados neste local já durante a noite deste sábado..Todas as forças independentistas - JxCat, PDeCAT, ERC, CUP e Demócrates - aderiram à manifestação, que contou com a presença do presidente do governo catalão, Quim Torra, assim como do presidente do parlamento local, Roger Torrent..A marcha acontece depois do Supremo Tribunal espanhol ter tornado pública, no passado dia 14 de outubro, a sentença, atribuindo penas de prisão contra Oriol Junqueras, Raül Romeva, Joaquim Forn, Jordi Turull, Josep Rull, Dolors Bassa, Carme Forcadell, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart..O vice-presidente do Executivo catalão, Pere Aragonès, bem como os conselheiros Josep Bargalló (Educação), Àngels Chacón (Economia) ou Damià Calvet (Território) também participaram na manifestação..Os manifestantes exibiram bandeiras e cartazes com 'slogans' como "A prisão não é a solução", "Basta de repressão", "Amnistia" ou "Espanha, senta-te e conversa". As proclamações a favor da "independência" da Catalunha e da liberdade dos "presos políticos" marcaram as intervenções na manifestação..Um grupo de manifestantes bloqueou as linhas de caminho-de-ferro e impediu a circulação ferroviária nas linhas suburbana R-3,junto à estação Mollet-Santa Rosa (Barcelona), e R12 (Cervera-Lleida). Segundo a Europa Press e o El Mundo, alguns manifestantes lançaram pedras, garrafas de plástico, ovos, latas e bolas contra as carrinhas da Polícia Nacional mobilizados para o local dos protestos. Houve quem proferisse insultos contra os agentes da autoridades, chamando-lhes "Filhos de Franco", numa referência ao ex-ditador espanhol..As autoridades catalãs apelaram à "unidade" e sublinharam o caráter "não-violento" do movimento independentista e exigiram que o governo e o Parlamento espanhol em Madrid deem "urgentemente" uma resposta política e institucional ao "momento histórico" que constitui a decisão do Supremo Tribunal.."Perante este ataque sem precedentes à democracia, precisamos urgentemente de uma resposta política e institucional no auge deste momento histórico que estamos a viver", afirmaram através de um manifesto lido durante a manifestação pela presidente da ANC, Elisenda Paluzie..As entidades organizadoras do protesto afirmaram que continuarão a liderar mobilizações "pacíficas, transversais e inclusivas", e pediram às instituições catalãs e espanholas "propostas políticas" que respondam ao "clamor das ruas".."Fá-lo-emos como o fizemos até agora, de forma serena e pacífica, mas persistente e perseverante", afirmaram, antes de garantir que "as liberdades" que reivindicam "são defendidas com a palavra e conquistadas com a mobilização pacífica de forma imaginativa, massiva e plural"..O Supremo Tribunal espanhol condenou, a 14 de outubro, os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha a penas que vão até um máximo de 13 anos de prisão..A sentença motivou protestos independentistas, que começaram no próprio dia do anúncio do Supremo e se repetiram ao longo de vários dias em Barcelona e em outras cidades da região autónoma..A par de várias manifestações pacíficas, a vaga de contestação ficaria igualmente marcada por distúrbios e violentos confrontos entre manifestantes mais radicais e as forças de segurança..Os protestos na Catalunha ficaram igualmente marcados por cerca de duzentas detenções e centenas de agentes das forças de segurança feridos..Para este domingo, refere a Europa Press, está previsto uma manifestação anti-procéssob o lema "Pela convivência, pela democracia, pela Catalunha: stop procés". Organizada pela associação Sociedade Civil Catalana, a manifestação assume-se como "cívica, apartidária e transversal" com o objetivo de "pôr em marcha uma vaga tranquila e serena para reconstruir a Catalunha". No Twitter, o ex-candidato à câmara de Barcelona com o apoio do Ciudadanos, Manuel Valls, confirmou que estará presente nesta ação.