"Não se trata de um peditório aborrecido que importuna os transeuntes com o aspeto triste da pedincha", mas sim uma contribuição dos portugueses para colmatar o que "o Estado não pode porque o orçamento o impede de construir o pavilhão de internamento de cancerosos pobres", escrevia o jornalista do DN sobre o peditório nacional da Comissão de Iniciativa Particular de Luta contra o Cancro, que teve grande destaque na primeira página da edição do dia seguinte, a 3 de novembro, de 1931..No ano em que foi criada, a comissão, que se tornaria na Liga Portuguesa Contra o Cancro, levou a cabo um peditório em Lisboa, Porto e em outras regiões do país, apelando à contribuição dos cidadãos para a construção de um pavilhão para os doentes oncológicos mais pobres e com poucos recursos para combater a doença..Um peditório que originou "uma admirável manifestação de solidariedade, em que participaram pessoas de todas as classes sociais". O dinheiro arrecadado foi entregue ao administrador do Instituto Português de Oncologia, informava ainda o jornal..A iniciativa ocorreu no Dia dos Finados. "Aos que foram aos cemitérios e igrejas viver um momento de evocação e de saudade lembrou-se que o cancro em Portugal mata uma pessoa por hora", escrevia o repórter..Por detrás desta ação esteve a Comissão de Iniciativa Particular de Luta contra o Cancro, que foi criada por um grupo de mulheres, entre elas Mécia Mouzinho de Albuquerque e a Condessa de Murça..Ao longo de 10 anos, estas mulheres desenvolveram um trabalho de promoção da saúde e de prevenção do cancro. Isto depois de ter sido criado, em 1923, o Instituto Português para o estudo do Cancro, por iniciativa de Francisco Gentil, tendo sido o primeiro pavilhão do Instituto Português de Oncologia (IPO) inaugurado em Lisboa em 1927.