O autor explicou à agência Lusa que a apresentação "é uma oportunidade formidável porque amplifica a recepção cénica da peça ao espaço universalizado da anglofonia, ainda para mais numa peça cujas personagens pertencem em primeiro lugar ao imaginário norte-americano."."É muito honroso e raro para um dramaturgo português poder ver estrear uma peça sua nos EUA, em tradução inglesa, num espaço cénico com as potencialidades do MATCH", acrescentou Nascimento Rosa. .A produção americana, com encenação de Clara Ploux, ocorre sete meses depois da estreia portuguesa em Lisboa, encenada por Paulo Sousa Costa, no Teatro Armando Cortez/Casa do Artista..O convite para trazer a peça aos EUA aconteceu através da diretora artística da companhia, a luso-americana Clara Ploux, que fora aluna de Nascimento Rosa na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa. ."Ela deparou-se com a estreia portuguesa e de imediato entrou em contacto comigo no sentido de conhecer o texto. A feliz coincidência era já a peça estar traduzida em inglês pela britânica Susannah Finzi, o que acelerou a possibilidade imediata desta estreia ter lugar", explica o dramaturgo. .A peça para três atrizes, que foi obra finalista do Prémio Novas Dramaturgias/FITA, começa por parecer mostrar a visita de Marilyn Monroe à sua mãe demente, Gladys Baker, que vive na Flórida na companhia da sua cuidadora, a jovem Lydia Martinez, pouco tempo antes de Marilyn falecer.."Mas este é apenas um dos vários aspectos em que a peça se revela como jogo de enganos, num crescendo de surpresas e identidades falsas. A ação da peça acaba por transformar-se num 'thriller' psicológico que envolve uma tese ficcional em torno das mortes de Marilyn e de John F. Kennedy, bem como a própria função dos espectadores em cada sessão, num jogo do teatro consigo mesmo", explica o autor. .Armando Nascimento Rosa, de 51 anos, tem vinte e um livros de dramaturgia original e ensaio publicados, incluindo peças traduzidas em sete línguas com encenações em Londres, Madrid, Barcelona, Nova Iorque, Zurique, Milão, Araraquara, Nova Orleães, Chicago e Ítaca. .Ao longo da sua carreira, já recebeu distinções como o Prémio Nacional de Teatro Bernardo Santareno, o prémio Albufeira de Literatura ou o Prémio Literário Aldónio Gomes..A sua peça "Resgate" foi escolhida para representar Portugal no festival internacional PIIGS e "Menino de sua Avó" integra o Plano Nacional de Leitura. .É ainda professor adjunto na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa, desde 1998, onde coordena os mestrados em Artes Performativas e em Teatro e Comunidade..A peça, que tem o título em inglês "The Real Mother of Marilyn Monroe", fica em cena em Houston até 04 de junho.