O PCP defendeu hoje "uma ação decisiva no sentido da renegociação da dívida" para que seja possível reduzir "significativamente os juros pagos anualmente" e assim libertar recursos que "Portugal tanto precisa para o seu desenvolvimento económico e social"..No segundo dia do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2017 (OE2017) no parlamento, o deputado do PCP Paulo Sá destacou que se "prossegue o caminho de reposição de direitos e rendimentos, incorporando medidas positivas", mas "contém manifestas insuficiências e limitações que resultam das opções do PS e do Governo" relativas à dívida pública, aos constrangimentos impostos pela União Europeia e à política fiscal.."Portugal não pode continuar a carregar o fardo de uma enorme e impagável dívida pública. É preciso uma ação decisiva no sentido da renegociação da dívida que reduza significativamente os juros pagos anualmente, libertando os recursos de que Portugal tanto precisa para o seu desenvolvimento económico e social", defendeu..Segundo o deputado comunista, "mesmo nas previsões mais otimistas, seriam precisas várias décadas para que a dívida pública descesse abaixo para 60% do PIB", evidenciando que "os juros pagos anualmente por essa dívida consomem 10% da despesa do OE, mais do Serviço Nacional de Saúde ou mais do dobro do investimento público".."Quando o país tem de pagar por ano mais 8 mil milhões de euros de juros obviamente que depois falta dinheiro para apoiar os setores produtivos, para o investimento público", recordou..Mas são também os constrangimentos impostos pela União Europeia limitam, na opinião de Paulo Sá, as opções orçamentais.."É um facto inquestionável que uma política que dê resposta a esses problemas estruturais e nacionais requer uma rutura com os condicionalismos e constrangimentos impostos pela União Europeia", enfatizou..Os comunistas querem ainda que, em matéria de política fiscal, se eliminem "os grandes benefícios e privilégios do grande capital".."Registamos positivamente a introdução de um novo imposto sobre património, mas não compreendemos que fique de fora a tributação do património mobiliário, que não se revejam o número de escalões de IRS", lamentou..Na primeira parte do debate do OE2017 na generalidade, na quinta-feira, a deputada do BE Mariana Mortágua criticou que todo o excedente orçamental seja canalizado para uma dívida que Portugal não vai conseguir pagar, tendo o ministro das Finanças considerado, na resposta, que é necessária uma redução na taxa de juro do endividamento.