PCP e PSD alertam para efeitos de alegada poluição causada por fábrica no Alentejo

O PCP e o PSD alertaram hoje para os efeitos da alegada poluição causada por uma fábrica na localidade de Fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, onde há pessoas a queixarem-se de problemas de saúde.
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Em causa está a alegada poluição provocada pela atividade de uma fábrica de extração de óleo de bagaço de azeitona, que labora desde 2009 e está situada perto da pequena aldeia de Fortes, em Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja.

O caso levou os deputados do PCP João Dias, Paula Santos e Ângela Moreira a questionar o Ministério do Ambiente e a deputada Nilza de Sena e o presidente João Guerreiro e o vice-presidente João Araújo da distrital de Beja do PSD a visitarem a aldeia para constatarem e ouvirem as queixas da população sobre "a poluição ambiental alegadamente provocada pela fábrica".

Numa pergunta dirigida ao Ministério do Ambiente e enviada à agência Lusa, os deputados do PCP referem que a atividade da fábrica "pode ser grave para a saúde" das populações de Fortes e limítrofes, que, desde 2009, sentem "maus cheiros" e veem "fumos impregnados de substâncias gordurosas e de partículas provindos" da unidade industrial.

Desde 2009, relatam, as populações passaram a conviver com fumos e cinzas brancas e castanhas provenientes das chaminés da fábrica e do "monte de pó", ou seja, "bagaço destratado", existente "a céu aberto" e que "se espalham na atmosfera, projetando-se a dezenas de quilómetros".

"Sinais e provas disso são as casas e as viaturas que ficam cobertas por um resíduo oleoso e fortes vestígios de cinzas" provenientes da fábrica, que "dista a menos de 100 metros de algumas casas", referem os deputados comunistas.

As queixas "estendem-se também ao foro da saúde", frisam os deputados do PCP, referindo que há "pessoas que relatam problemas respiratórios, inflamações nos olhos e ardor na garganta" e "alguns habitantes receberam indicações médicas" para mudaram de residência por terem "problemas respiratórios e pulmonares graves".

Segundo os deputados, a população de Fortes "já apresentou várias queixas" a diversas entidades e a GNR levantou cinco autos de contraordenação à fábrica em janeiro de 2017 por várias infrações ambientais.

No entanto, a população, que "tem o direito de saber a que poluentes está a ser diariamente exposta", "continua a ser ignorada e a sofrer com a laboração da fábrica, que afeta um número ilimitado de pessoas, animais, fauna e flora", lamentam os deputados.

Através da pergunta, os deputados querem saber que avaliação têm do caso os serviços do Ministério do Ambiente e que acompanhamento tem sido feito pela GNR, pela Agência Portuguesa do Ambiente e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.

Os deputados também querem saber que fiscalizações foram feitas à fábrica nos últimos cinco anos e a que resultados chegaram e que medidas foram impostas aos proprietários para eliminar ou atenuar os alegados fatores de poluição ou estão em curso para "obstar aos problemas que se continuam a verificar".

Já os social-democratas Nilza de Sena, João Guerreiro e João Araújo, num comunicado enviado à Lusa após a visita a Fortes, referem ter constatado a "emissão de enormes nuvens de fumo branco" das chaminés da fábrica e que a população diz serem "a causa de todos os seus problemas".

Segundo a população, contam, o "cheiro a bagaço" e o fumo provenientes da fábrica "invadem" Fortes e "impedem" a população de "levar uma vida normal", nomeadamente de abrir as janelas das casas, de respirar em condições, de cultivar hortas e de crianças brincarem na rua.

A população já fez várias diligências, nomeadamente junto da Câmara de Ferreira do Alentejo, que "diz estar tudo bem, mas que não descarta uma análise à qualidade do ar", e do Ministério do Ambiente, que "não tem demonstrado muita preocupação com o assunto", referem.

O caso também já foi "reportado" à Unidade de Saúde Pública da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, que deslocou duas técnicas à fábrica, as quais "não ouviram a população" e "não se conhece um parecer sobre a emissão das enormes nuvens de fumo", segundo os social-democratas.

"O cenário configura uma clara violação inaceitável da qualidade de vida" da população de Fortes, cuja saúde, pelos relatos ouvidos, "pode estar em causa", até porque já há pessoas com "tosse e lacrimejos", frisam os membros do PSD.

Nilza de Sena, João Guerreiro e João Araújo realçam que a população "não pretende o fecho da fábrica", já que "percebe o seu valor para a economia da região", mas "quer assegurar que não terá problemas de saúde no futuro".

A deputada e os responsáveis da distrital de Beja do PSD referem que se comprometeram com a população de Fortes a "intercederem junto das entidades com responsabilidade na matéria" para que a fábrica "possa laborar sem colocar em causa a qualidade de vida" dos habitantes da localidade.

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