PCP critica transferência do terminal de contentores
"O Governo resolveu passar o terminal de contentores para a Trafaria. Segundo parece, quer fazer uma linha de comboio para ligar Trafaria a Poceirão. Tudo isto para transportar a carga que o Porto de Lisboa recebe. Ora, 70% da movimentação dessa carga destina-se ao norte do Tejo, portanto é uma medida incompreensível e, principalmente, com carência de estudos total", frisou Ruben de Carvalho.
Na reunião de câmara, o vereador disse que gostava de "compreender a posição do presidente da câmara" (António Costa) quanto a este assunto, porque ficou "com a ideia de que o presidente se opunha a este projeto mas, dias depois, fez declarações equívocas relativamente ao assunto".
"Pode ser de uma potencialidade para Portugal que não pode ser desprezada", frisou. "Além disso, liberta Lisboa da imagem da cidade cheia de contentores. Se a libertarmos dessa imagem e tivermos outras valências ligadas ao desporto náutico e aos cruzeiros, pode ser uma mais-valia", acrescentou.
Do lado do CDS-PP, o vereador António Carlos Monteiro defendeu que a "cidade é que tem o porto, não é o porto que tem a cidade".
"Vale a pena discutir todas as soluções. Também não queremos ser conservadores e dizer que um local que tem contentores, tem de ter contentores para sempre", afirmou.
Na resposta, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, que preside hoje à reunião dada a ausência do presidente António Costa, defendeu que o projeto do Governo é "uma excelente notícia para a cidade de Lisboa".
Referindo-se ao novo terminal de cruzeiros em Santa Apolónia que o executivo vai construir a partir de 2013, classificou-o como "um excelente projeto" e adiantou que a câmara ficou "muito agradada com a decisão".
O plano de reestruturação do Porto de Lisboa, que abrange também municípios da margem sul do Tejo, prevê a concessão do terminal de cruzeiros na capital, um novo terminal de contentores na Trafaria (Almada) e uma nova marina na margem norte do rio Tejo.
O projeto implica prosseguir com o terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, desativar a atividade portuária daquela zona até ao Trancão e manter as mercadorias em Alcântara.
Quanto ao futuro do terminal de Alcântara, segundo o Governo, a discussão só se colocará dentro de alguns anos, porque o contrato com a concessionária Liscont termina apenas em 2020, existindo processos pendentes em tribunal, pelo que não entra neste projeto.