PSD, CDS e PS querem atacar trabalhadores

O secretário-geral do PCP criticou hoje, no Porto, o empenho crescente numa retoma "formal ou informal" num bloco central no PSD, CDS e PS, alertando estar em causa um ataque ao seu partido e aos direitos dos trabalhadores.
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Para Jerónimo de Sousa, os apelos para a "libertação do Governo do PS da dependência da esquerda não deixam dúvidas acerca dos objetivos" das "forças do grande capital e dos setores políticos a eles associados no PSD, no CDS, mas também no interior do PS", por estarem "cada vez mais empenhados" num bloco central, com vista a "intensificar a exploração e retomar o rumo de liquidação de direitos" dos trabalhadores.

O líder do PCP, que falava na sessão pública de encerramento da XII Assembleia de Organização Regional do Porto, alertou ainda para as "operações de cosmética do PSD, com a mudança de líder", observando que o congresso dos sociais-democratas, que se iniciou na sexta-feira em Lisboa, deixou claro que aquele partido voltaria "a repor cortes, a atacar salários e direitos".

"Não deixa de ser sintomático que o PSD, ainda ontem [sexta-feira] em congresso, tenha demonstrado que mantém o ajuste de contas com os avanços alcançados, quando afirmou que eles foram, não em benefício dos trabalhadores, reformados e pensionistas, mas sim de clientelas. Isto tem um significado: se o tempo voltasse para trás, voltariam a repor os cortes, a atacar salários e direitos", afirmou o secretário-geral do PCP.

Neste processo, acrescentou, "cabem operações de cosmética do PSD, com a mudança de líder, mas também de soluções populistas que visam intensificar a exploração e retomar o rumo de liquidação de direitos".

"Tão depressa choram sobre um PCP que estará a descaracterizar-se, a definhar e até morrer, como passam para a ofensiva anticomunista mais azeda, porque o PCP contínua a não perder nenhuma oportunidade para repor e conquistar direitos", observou.

O secretário-geral comunista alertou ainda para o "desenvolvimento de uma campanha e de um ataque concentrado e coordenado das forças do grande capital e dos setores políticos mais conservadores e reacionários, que sabem da importância do PCP na recuperação de direitos, rendimentos e condições de vida".

Notando que o atual caminho do partido "não está isento de dificuldades e crescentes resistências", Jerónimo de Sousa disse que isso se percebe, também, "pelas opções políticas do Governo do PS, limitadoras das soluções necessárias de resposta à superação dos problemas de fundo do país".

Para o secretário-geral, "a evolução da situação do país, com os elementos contraditórios que lhe estão associados, evidencia que é com o PCP e o reforço da sua influência que se criarão as condições para ir mais longe na resposta aos problemas do país".

Jerónimo de Sousa considera ainda que será o fortalecimento do PCP que vai permitir "romper com a política de direita, dar corpo à política alternativa de esquerda e assegurar um governo capaz de a realizar".

Jerónimo de Sousa notou que "anda mal o Governo do PS ao insistir juntar o voto do PSD e CDS e rejeitar o projeto de lei do PCP para reposição do pagamento do trabalho extraordinário e o trabalho em dia feriado".

Para o líder comunista, trata-se de uma "posição do PS que evidencia os seus compromissos com o grande patronato".

"A opção do PS de se unir ao PSD e CDS no chumbo desta iniciativa mostra que há muito a fazer para remover a velha política que, indistintamente, governos de uns e de outros levaram à prática, com graves consequências sociais".

Vincando que "anos de política de direita" criaram "graves problemas" ao país, Jerónimo de Sousa lembrou que Pedro Passos Coelho [ex-primeiro ministro e que abandona a liderança do PSD no congresso em curso em Lisboa] "repetia que tudo era inevitável, com o banqueiro a dizer 'ai aguenta, aguenta'".

Com o atual cenário governativo e a influência do PCP, "quem saiu derrotado", para o secretário-geral, "foi a teoria da inevitabilidade".

Ainda assim, diz Jerónimo de Sousa, o crescimento e a criação de emprego podiam ter atualmente "outros avanços e envergadura" se "não pesasse negativamente no país o atual quadro de constrangimentos e condicionamentos externos como os impostos pela União Europeia e pelo Euro e os seus instrumentos de submissão"

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