PCP com conferência nacional marcada para 12 e 13 de novembro

Além da conferência nacional e das farpas deixadas ao Governo, o órgão máximo dos comunistas elegeu ainda a líder parlamentar, Paula Santos, à Comissão Política.
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O Comité Central do PCP decidiu: o partido vai, apenas pela quarta vez na história, ter uma conferência nacional. Marcada para os dias 12 e 13 de novembro, em Corroios. O objetivo? "Contribuir para a análise da situação e dos seus desenvolvimentos, centrada na resposta aos problemas do país, nas prioridades de intervenção e reforço do partido e na afirmação do seu projeto", explicou Jerónimo de Sousa esta terça-feira, no rescaldo da reunião do Comité Central (que decorreu na segunda-feira). Isto porque, desde que o PCP votou contra o Orçamento do Estado, em outubro de 2021, "os problemas agravaram-se", considerou Jerónimo, acrescentando que "o mundo mudou em muita coisa mas não mudou em tudo", com o Comité Central a concluir que são necessárias "respostas novas e dinâmicas em termos da situação" vivida em Portugal. Antes, os comunistas tinham feito encontros deste género em 2002, 2003 e 2007.

Esta não é, no entanto, a única preocupação do órgão máximo do PCP. Em comunicado publicado no site do partido, o Comité Central diz estar em curso "uma ofensiva ideológica" contra os comunistas, levada a cabo pelos "centros do grande capital" que pretendem "aproveitar as condições existentes no plano político para desenvolver e aprofundar a política de direita que assegure o seu domínio e interesses de classe", algo que é classificado como uma "ofensiva ideológica, de natureza antidemocrática e com forte pendor anticomunista."

Ainda na declaração após a reunião do Comité Central, Jerónimo de Sousa acusou o primeiro-ministro de se contradizer. Isto depois de, no fim de semana, António Costa ter pedido às empresas que façam um esforço coletivo para aumentar salários. "Um Governo que diz que é preciso aumentar os salários em 20%, depois, na Função Pública, na administração pública, aplica os zero vírgula qualquer coisa por cento. Como é que vai fazer? Propõe 20% e depois põe um aumento de 0,95?", indagou Jerónimo de Sousa. Segundo os comunistas, "o Governo, em vez de garantir o direito de contratação coletiva, mantém a caducidade", ao mesmo tempo que "não repõe o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador".

Na perspetiva do partido, a guerra na Ucrânia está a ser usada como um instrumento "para favorecer a especulação e a acumulação dos lucros, transferindo os custos para os trabalhadores e o povo". Isto leva a que, conclui Jerónimo, o PCP acabe por assumir "uma resposta e intervenção de defesa e melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo e para assegurar o desenvolvimento do país."

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, foi eleita para integrar a Comissão Política comunista, segundo órgão executivo do partido (acima só o Secretariado), do qual fazem parte 25 membros. A decisão foi anunciada pelo secretário-geral do PCP após a reunião do Comité Central. Segundo Jerónimo de Sousa, a promoção é sinal de uma valorização das ações da dirigente. Paula Santos, 41 anos, é deputada há vários anos, sendo eleita pelo círculo eleitoral de Setúbal. Além de ser a primeira mulher a liderar a bancada comunista no Parlamento, integra seis comissões parlamentares, estando também na subcomissão criada para acompanhar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O PCP foi o partido com assento parlamentar que obteve o maior resultado positivo em 2021, amealhando 1,6 milhões de euros, segundo as contas divulgadas pela entidade fiscalizadora. De acordo com os dados divulgados pelos comunistas, o resultado deve-se, em parte, à angariação de fundos: em 2021, o valor quase duplicou face ao ano anterior, atingindo 1,7 milhões. Por outro lado, o único partido com assento parlamentar que apresentou prejuízos foi o Bloco de Esquerda, registando um resultado líquido negativo de 58 mil euros, o que, mesmo assim, é uma melhoria face a 2020.

rui.godinho@dn.pt

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