PCP acusa Governo de "negócio pouco claro" na TAP

O PCP do Porto acusa o Governo PS de fazer um "negócio pouco claro" ao "abdicar da gestão" da TAP e defendeu a "propriedade e gestão inteiramente públicas" da empresa, nomeadamente para defender o aeroporto Francisco Sá Carneiro.
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Em comunicado, o PCP refere-se à "anunciada decisão de cancelamento de ligações entre o Porto e outras cidades europeias" como uma "dramática realidade" que "confirma a necessidade de anular a privatização ilegal da TAP, em vez de a legitimar, como tenta fazer agora o Governo PS".

"A situação torna-se mais grave pelo facto de o Governo PS, num negócio pouco claro, ter abdicado da gestão, demitindo-se do seu dever de defesa do interesse nacional e permitindo que a TAP continue ao serviço dos acionistas da Gateway", destaca a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP, notando que a decisão de privatizar a empresa foi tomada "de forma ilegal" pelo anterior Governo PSD/CDS.

"O anúncio do cancelamento de voos confirma o rumo de destruição da TAP que já havia sido indiciado com o negócio de transferência de aviões Airbus da TAP para a Azul - propriedade de um dos elementos do consórcio - e com o empréstimo de 400 milhões de euros que a TAP contraiu para aquisição de aviões que a Azul tinha parados", denunciam os comunistas.

Para o PCP, "as consequências do cancelamento da ligação e da redução de voos" deviam levar os órgãos metropolitanos do Porto a tomar "uma posição clara de defesa dos interesses da Área Metropolitana e de recusa da privatização".

[citacao:Só um Conselho Metropolitano aprisionado por interesses distintos dos da região é que pode explicar a apatia com que se tem comportado]

A DORP do PCP alerta ainda para a atitude do presidente da Câmara do Porto, por considerar que Rui Moreira tem "explorado e instrumentalizado justos descontentamentos da população".

O PCP lembra que, em abril, Rui Moreira "afirmou publicamente que «A TAP não é estrutural para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro nem para a região, nem a região parece ser estrutural para a TAP. Não dramatizo essa situação, é um problema do Governo, não é um problema nosso»".

"É clarificador o facto de o presidente da Câmara do Porto continuar a desvalorizar e secundar a principal questão de fundo: a necessidade de anular a privatização e afrontar os interesses do grupo económico a que o PSD/CDS entregou de forma ilegal e ilegítima esta empresa estratégica nacional".

O PCP critica também Moreira por "iludir as condições que as companhias low-cost impõem onde se instalam" e "defender a desregulação dos direitos sobre as rotas".

Para os comunistas, com isto o autarca "assume pretender uma maior liberalização e mais negócios com privados, quando o que se coloca é a necessidade do controlo público".

O presidente da Câmara do Porto tem criticado a estratégia da TAP para o Porto e, numa reunião camarária admitiu "apelar ao boicote da região" à transportadora, acusando-a de ter em curso uma estratégia para "destruir o aeroporto Francisco Sá Carneiro", com vista a construir em Lisboa "um novo aeroporto e uma nova ponte".

A TAP reiterou na terça-feira que as quatro rotas europeias canceladas a partir do Porto representavam um prejuízo de 8,02 milhões de euros mas a 03 de fevereiro a Câmara afirmou que as ligações tiveram em 2015 uma "ocupação média de 90%", representando "o transporte de perto de 190 mil passageiros, em 1.867 voos de ida e volta".

O ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, disse na segunda-feira em Castelo Branco que o que mais interessa ao Governo é o aeroporto do Porto manter uma base de operações "muito relevante".

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