Pausa na bola

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Por estes dias, o que importa mesmo aos portugueses são os resultados da seleção. A tática, o que eles comem, falam, como jogam e o que pensam os emigrantes. Se Quaresma joga, se Ronaldo consegue marcar golos, se Nani chuta, se Renato faz um brilharete, se o treinador é mesmo capaz de contrariar a maldição francesa e trazer a taça. De resto, o mar mantém-se calmo e quase sem vento. Marcelo continua a mergulhar em Cascais, agora em modo presidencial sem seguranças, e António Costa viu-se obrigado a vir para uma beira da estrada em versão 140 caracteres. O vento, esse, continua a soprar sempre dos mesmos lados. Da banca - depois dos buracos do BPN, do BES e do Banif, agora é a vez de salvar a pública Caixa -, do défice e da dívida. A equipa do FMI que regressa hoje a Lisboa para mais uma missão de vigilância vai pedir exatamente isso - um para-vento, ou mais: um plano B, ou "planos de contingência", chama-lhes o Fundo, para garantir que o défice este ano fica, na melhor das hipóteses, nos 2,2% como acredita o governo socialista, ou na pior, que não ultrapassa os 3%. Mais engenharia aqui e ali e até se podia dar de barato um cenário menos mau. O problema é quando se abre o ângulo para aquilo a que os ingleses chamam the big picture. Uma imagem maior que pode estar já aí ao virar da esquina, com tiro de partida a 23 de junho, dia em que o Reino Unido vota se fica ou sai da União Europeia. Depois de um início do mês de junho ao ritmo de uma montanha-russa, as cinco sondagens dos últimos quatro dias dão a vitória ao brexit, e não é por pouco, chegando a diferença aos sete pontos percentuais. A campanha a favor e contra a saída da UE tem-se radicalizado dos dois lados, mas o que é garantido é que as economias do Reino Unido e da Europa sofrerão do choque com uma vitória do brexit. Até que ponto, ninguém saberá ao certo, mas as reuniões, cimeiras e teleconferências de emergência já estão marcadas no Velho Continente. As receitas poderão até minimizar as perdas. Mas alguém acredita que possa existir uma união verdadeiramente europeia, democrática e segura com o Reino Unido de fora?

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