Paulo Penedos revela segredos do negócio PT-TVI
Paulo Penedos, um dos arguidos do processo da Face Oculta, está a preparar um livro sobre o caso, com uma especial incidência no negócio da compra da TVI pela PT. De acordo com informações recolhidas pelo DN junto de fontes próximas de Paulo Penedos, o livro promete revelar mais contornos dos bastidores do negócio. Por agora, o advogado apenas confirmou, ontem, ao DN que o livro ainda está na fase de preparação.
O negócio, recorde-se, chegou a levantar suspeitas ao Ministério Público de Aveiro, que ordenou a extracção de uma certidão do processo Face Oculta (que está em julgamento no tribunal daquela cidade) para se investigar o crime de "Atentado contra o Estado de Direito". Este seria diretamente imputado ao então primeiro-ministro José Sócrates por eventuais acções que desenvolveu para que a compra da TVI pela PT se efetivasse.
Depois de muita polémica à volta de validação e destruição de escutas telefónicas que envolviam José Sócrates, as suspeitas acabaram arquivadas pelo ex-Procurador-geral da República, Pinto Monteiro. Para tal decisão contribuiu a ordem de destruição dada pelo ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, para todas as escutas do processo Face Oculta em que José Sócrates fosse interveniente.
A suspeita que pairou sobre o negócio foi de que este tinha por detrás uma motivação política - alegadamente comandada por José Sócrates - e não um racional empresarial, isto é, que fosse do interesse estratégico da PT comprar a TVI.
Para além do negócio da compra da TVI pela PT, Paulo Penedos promete ainda contar como foi o impacto do processo Face Oculta na sua vida pessoal e, sobretudo, profissional. Aliás, no final da passada semana, o advogado de Coimbra foi alvo de uma busca relacionada com uma certidão do processo Face Oculta, que ainda está em investigação. Trata-se de dinheiro que Paulo Penedos recebeu de uma empresa de gás espanhola e que o Ministério Público suspeitou. Porém, o advogado tinha um contrato de prestação de serviços com essa sociedade. Na busca, presidida pelo juiz Carlos Alexandre, não foram apreendidos quaisquer documentos.