Paulo Branco diz que ICA precisa de uma nova política e nova direção
O diretor do ICA, José Pedro Ribeiro, e a subdiretora, Leonor Silveira, demitiram-se da direção do instituto, numa altura em que a Secretaria de Estado da Cultura (SEC) se prepara para aprovar a nova lei para o setor.
"É extremamente salutar que neste momento haja uma nova direção, porque a situação em que o ICA está neste momento tem muito a ver com uma falta de visão que houve desta direção durante estes anos todos", disse o produtor, a partir de Cannes, onde está no festival de cinema com o filme "Cosmopolis", de David Cronenberg.
A SEC confirmou hoje à agência Lusa o pedido de demissão da direção do ICA e referiu que os dois dirigentes se manterão em funções até serem substituídos.
Para Paulo Branco, a direção demissionária do ICA "tem uma responsabilidade enorme no que se passou nos últimos dez anos para o bem e para o mal, mas também muito para o caos em que o ICA se encontra. Enganou-se completamente nas prioridades, sobre a própria política do ICA, responsabilizando sempre os ministros que estavam por detrás".
O produtor recordou que o ICA teve uma "quebra muito acentuada" nas receitas, mas continua a tê-las, por conta da cobrança dos quatro por cento pela taxa de publicidade nas televisões.
A tutela suspendeu os concursos de apoio ao cinema para 2012 alegando falta de orçamento e necessidade de cumprir compromissos de anos anteriores.
"Havendo aquela quebra substancial, [espero] que a médio prazo se consiga criar meios financeiros que permitam uma política de desenvolvimento de três setores: produção, internacionalização e apoio à exibição independente, que está completamente sinistrada", disse.
Esta semana, o secretário de Estado da Cultura disse ao jornal francês Le Monde que a proposta de lei do cinema e audiovisual deverá ser aprovada no final do mês em Conselho de Ministros.
"O que é importante é haver uma verdadeira negociação de maneira a que a nova lei possa, sem ser completamente adulterada, ser posta em prática com o tempo que for necessário. É preciso dar tempo", disse Paulo Branco.