Paulo Branco apresenta queixa contra Big Picture

O proprietário da Medeia Filmes, detentor de várias salas de cinema no País, vai apresentar queixa na Autoridade da Concorrência contra as práticas comercias da distribuidora Big Pictures 2 Films.
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Paulo Branco anunciou hoje, numa conferência de imprensa, a intenção de avançar com uma queixa na Autoridade da Concorrência pelas "condições inadmissíveis, insustentáveis e completamente fora das regras do mercado de exibição de filmes" impostas pela distribuidora Big Picture 2 Films.

O produtor e exibidor queixa-se de "discriminação muito clara e muito precisa" por parte da Big Picture 2 Films, que detém os catálogos de três grandes empresas norte-americanas - a 20th Century Fox, a Columbia Pictures e a Sony Pictures - desde que a Columbia Tristar Warner encerrou em Portugal, no final de março.

Paulo Branco explica que a distribuidora lhe está a exigir um pagamento adiantado para exibir os filmes do seu catálogo. E dá o exemplo do "Grand Budapest Hotel", para o qual a Big Picture lhe terá pedido 4500 euros adiantados. A empresa já teria solicitado esta garantia noutros casos, que recusara, mas a qualidade do filme de Wes Anderson e a sua relação pessoal com o realizador, levaram-no a aceitar essa imposição. Mas, segundo conta, face ao êxito de bilheteira, a distribuidora ter-lhe-á pedido mais um pagamento adiantado, que Paulo Branco recusou, pelo que a exibição deste filme vai ser interrompida nas salas da Medeia.

O exibidor diz não ser o único a a quem a Big Picture faz esta imposição, mas garante que não é o único a deparar-se com ela.

De acordo com Paulo Branco, a prática habitual em Portugal é o pagamento a 30 ou 45 dias de uma percentagem sobre as receitas de bilheteira: 60% na primeira semana de exibição; 55% na segunda; 50% na terceira e assim sucessivamente.

Nesta conferência de imprensa, o produtor pôs ainda em causa a relação entre a Big Picture e a Zon Audiovisuais, uma vez que esta empresa detém 20 por cento do capital social daquela distribuidora. Além disso, referiu a ligação de Antunes João a estas duas empresas (é presidente da primeira e administrador não executivo da segunda), "senhor" que integrou a empresa que geria o FICA (Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual), o qual fazia a atribuição de subsídios para produções audiovisuais.

"Na altura fui praticamente boicotado pelo FICA, devido a esse senhor", afirmou Paulo Branco, referindo ainda que "praticamente todos os principais produtores com passado histórico, exceto a MGM, não conseguiram apoios do FICA". A Big Picture, por seu lado, conseguiu em 2011 um apoio de 5 milhões de euros, dos quais terá recebido apenas 1,5 milhões.

Quanto a estas ligações, Paulo Branco só fala em "presumíveis factos" e admite não ter provas de um alegado "pagamento de favores" ou de "corrupção". Se tivesse mais fundamentação, não hesitaria: iria diretamente apresentar queixa à Procuradoria Geral da República.

A Big Picture já reagiu às queixas de Paulo Branco, dizendo que as condições de pagamento estabelecidas com os exibidores dependem "das condições específicas de crédito de cada cliente".

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