Patrice Lagisquet: "Se não acreditasse no apuramento para o Mundial 2023 não estava aqui a fazer nada"

Francês Patrice Lagisquet foi esta sexta-feira apresentado como novo selecionador de Portugal. Deixa os amadores do Saint Pée para aceitar o desafio de treinar, nos próximos quatro anos, jogadores com talento e praticantes do tipo de râguebi que ama.
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Terminado que foi o ciclo de três épocas de Martim Aguiar como selecionador nacional - colecionou 15 triunfos nos 15 jogos realizados no European Trophy, mas após derrotas nos "play-off" de acesso ao Championship em 2017 e 2018 só na derradeira partida ao comando dos Lobos conseguiu, há três semanas, a tão desejada subida ao segundo nível do râguebi europeu ao vencer na Alemanha - a Federação Portuguesa de Rugby apresentou nesta tarde de sexta-feira a nova equipa técnica nacional liderada pelo francês Patrice Lagisquet, de 56 anos.

Antiga figura-de-proa do quinze gaulês, o ponta internacional em 46 ocasiões foi finalista derrotado na edição inaugural da Taça do Mundo (1987) e conquistou o Torneio das Cinco Nações em 1988 e 1989. Conhecido como o "Expresso de Bayonne" nos seus tempos de jogador dado ser um dos mais rápidos três-quartos ponta mundiais, passou a treinador do Biarritz, que dirigiu ao longo de 12 anos (vencendo três campeonatos de França e uma Challenge Cup europeia) sendo depois adjunto de Phillype Saint-André na principal seleção gaulesa entre 2012 e 2015.

Desde aí passou a treinar os amadores do Saint Pée (da Féderal 3, o 5.º nível do râguebi francês), estando agora de regresso a um patamar mais exigente através do convite feito por Carlos Amado da Silva para comandar Portugal nos próximos quatro anos com vista a tentar a qualificação para o Mundial de 2023 que decorrerá precisamente em França.

Mostrando-se muito feliz perante este novo desafio, Lagisquet salientou o facto de parte da sua equipa técnica ser composta por portugueses - o ex-internacional David Penalva, atual técnico do Colomiers e Frederico Sousa, que apesar de se manter como treinador da campeã nacional Agronomia vai assumir o cargo de coordenador nacional das seleções e selecionador nacional de sevens - que se juntam aos compatriotas Hervé Durquéty (treinador de avançados) e o preparador físico Olivier Rieg.

O técnico francês (eleito três vezes como Treinador do Ano do Top 14) explicou ainda que foi o muito desgaste de três anos de trabalho na seleção gaulesa concluídos com a fraca participação no Mundial 2015, que o fizeram querer parar e arejar a cabeça: "Os dois últimos anos custaram-me muito, em especial por que não consegui passar as minhas ideias ao XV de França", revelou. E como sempre trabalhou na área dos seguros, ou seja, não precisa do râguebi para viver - e irá continuar a fazê-lo mesmo como selecionador de Portugal - decidiu, a partir de 2016, passar a treinar na amadora Féderal 3, onde conseguiu que "muitas das ideias sobre o jogo fossem implementadas e foi bom ver que elas funcionavam."
Mas perante a pressão do amigo e colaborador Hervé Durquéty, que há muito o tentava convencer a voltar a um superior patamar na modalidade, ao saber que Portugal procurava um novo responsável técnico, entrou em contacto com a federação portuguesa e "decidiu aceitar o desafio."
Do pouco que viu e sabe do râguebi português - nomeadamente ao visualizar o recente duelo com a Alemanha - Lagisquet retém uma imagem de praticantes talentosos, com velocidade e boa qualidade de passe, ou seja, fazendo "o tipo de râguebi que amo". Ao contrário, por exemplo, do jogo romeno que "não o apaixona de todo."

Quanto ao objetivo de qualificar os Lobos para o Mundial de 2013, é perentório: "Se não acreditasse, não estava aqui a fazer nada!". Mas para lá do apuramento pretende trabalhar com a federação para fazer crescer os jogadores portugueses, a fim de atingirem um nível profissional", acrescenta. E apesar de reconhecer que será difícil obter resultados imediatos, vai lutar "para estar entre os três melhores do Championship, mesmo sabendo que na segunda época é que as coisas irão certamente melhorar."

Patrice Lagisquet vai manter-se a viver em França mas irá deslocar-se, juntamente com os seus adjuntos, todos os meses ao nosso país via Bilbao. "Tenho que conhecer primeiro o calendário das competições internas, pois quero fazer frequentes sessões de dois/três dias com os jogadores selecionáveis, bem como realizar estágios no fim do ano e antes do Seis Nações B", revela o novo líder dos Loups. Quer dizer, Lobos, mas agora com uma nova, e esperemos que ganhadora, imagem bem à francesa.

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