Nem o aperto que a esquerda está a dar à antiga ministra das Finanças no Parlamento (ver pág. 12) demoveu Passos: o líder do PSD convidou Maria Luís Albuquerque para a direção nacional do PSD. Esta promoção - que vem com a renovação da Comissão Política Nacional (CPN), o órgão executivo do partido - deixa a ex-governante bem posicionada na lista de potenciais líderes no pós-Passos. Maria Luís, mesmo como ministra, multiplicou-se em várias ações pelo partido, tentado aproximar-se do aparelho durante e depois do período de governação. Matos Rosa - ontem reconduzido como secretário-geral - chegou a chamar-lhe a nova Leonor Beleza. Mas a ligação de Maria Luís às bases ainda está longe de ser a ideal para ter condições para um dia ser líder. Na sexta-feira, apresentou a moção temática de Setúbal no congresso e eram vários os delegados fora do lugar, o barulho na sala e a pouca atenção ao que a ex-ministra dizia. Passos renovou precisamente metade dos vice-presidentes (manteve três). Só entraram mulheres, o que - com a manutenção de Teresa Leal Coelho - faz com que estejam em maioria na Comissão Permanente do partido (órgão de cúpula e de decisão). Nas estreias estão também Teresa Morais, que foi sua secretária de Estado da Igualdade (a mesma que promove a nível de género na nova direção nacional) e ministra da Cultura no governo que durou cerca de um mês e que caiu por via da rejeição do programa de governo no Parlamento. Quem também entra na direção é Sofia Galvão, que poderá fazer a ponte com o Presidente da República, dada a proximidade com Marcelo, de quem foi assistente na Faculdade de Direito e que o acompanhou em algumas ações de campanha nas presidenciais. Este é também um regresso: Sofia Galvão já tinha estado na direção com Ferreira Leite. Os homens fortes de Passos Coelho, que ontem de manhã chegaram juntos ao congresso, de mochila ao ombro, mantêm-se na direção. Já eram os dois mais relevantes: o primeiro vice-presidente, Jorge Moreira da Silva, pela influência que tem junto do líder e na definição da estratégia, e Marco António Costa, o homem do aparelho. Passos tentou ainda que as saídas não fossem vistas como exclusão e nomeou os três vice--presidentes cessantes para novas funções, com mais ou menos relevância. Pedro Pinto, que é deputado, passa a presidir a uma comissão de auditoria financeira do partido, Carlos Carreiras assume as funções de coordenador autárquico e José Matos Correia irá presidir a um órgão que é agora reativado: o conselho estratégico. Passos Coelho anunciou os nomes dos vice-presidentes de uma forma hierárquica: Após Moreira da Silva, o líder disse os nomes de Marco António Costa, Maria Luís Albuquerque, Sofia Galvão, Teresa Leal Coelho e Teresa Morais. Depois, revelou ter escolhido para vogais da Comissão Política Nacional António Topa, José António Jesus, Luís Ramos e Pedro do Ó Ramos - já eleitos há dois anos para esse cargo - e, como novidades, Francisca Almeida, Emília Santos, Joana Barata Lopes, João Moura, Miguel Goulão, Ofélia Ramos. Deixam a Comissão Política Nacional Aires Pereira, Elsa Cordeiro, Fernando Jorge, Fernando Armindo da Costa, Maria da Conceição Pereira e Paulo Júlio, que eram vogais desde 2014. No conselho de jurisdição mantém-se como presidente José Calvão da Silva e na Mesa do Congresso Fernando Ruas. Para a presidência do Instituto Sá Carneiro - que será adaptado à oposição, como uma espécie de gabinete-sombra ou gabinete de estudos - foi escolhido Pedro Reis, que substitui o eurodeputado Carlos Coelho.