Passos elogia Paulo Júlio, mas nada adianta sobre a sua substituição
Questionado se o facto de não ter ainda indicado um substituto para Paulo Júlio indicia uma remodelação mais alargada, Pedro Passos Coelho não respondeu diretamente à pergunta e remeteu para uma nota divulgada na sexta-feira pelo seu gabinete.
Em declarações aos jornalistas, em Santiago do Chile, o primeiro-ministro elogiou Paulo Júlio pela decisão de se demitir, que considerou "uma atitude digna e correta", acrescentando: "Será conhecida oportunamente a sua substituição. Sobre isso não direi mais nada".
Por outro lado, confrontado com a acusação que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o socialista António Costa, lhe fez de gerar desconfiança por indicar diferentes prazos para a retoma económica de Portugal, Passos Coelho declarou que não iria falar de política interna: "Portanto, os comentários que vêm do lado do PS não merecerão aqui nesta circunstância qualquer observação".
Através de uma nota divulgada na sexta-feira, o gabinete do primeiro-ministro anunciou que o pedido de demissão de Paulo Júlio do cargo de secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa tinha sido aceite e que este seria "oportunamente substituído no cargo".
Paulo Júlio apresentou a demissão depois de ter sido notificado na passada segunda-feira pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra de um despacho de acusação pela alegada prática, em 2008, enquanto presidente da Câmara de Penela, de um crime de "prevaricação de titular de cargo político".
Segundo o ex-autarca, "está em causa uma decisão de abertura de um concurso público para provimento de um lugar de chefe de divisão na Câmara Municipal de Penela, relativamente ao qual o magistrado do Ministério Público titular do processo entende que deveriam ter podido ser oponentes outros licenciados para lá daqueles na área científica constante do respetivo aviso".
Paulo Júlio adiantou que vai "requerer a abertura de instrução" e manifestou-se "convencido que então ficará tudo esclarecido e demonstrada a total falta de fundamento da acusação".
A demissão de Paulo Júlio, que ocupava o cargo de secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa, vai forçar o primeiro-ministro a mexer pela terceira vez no Governo.
Sem ainda ter mudado qualquer ministro, desde que assumiu funções em junho de 2011, Passos Coelho tem "resistido" por mais tempo do que os antecessores José Sócrates e Pedro Santana Lopes a mudanças profundas nos ministérios do seu executivo.
O primeiro-ministro encontra-se no Chile para participar na Cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia/Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (UE/CELAC), acompanhado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.