Partido trabalhista inglês alvo de ataque informático. Corbyn admite estar "muito nervoso"
"Sofisticado e em larga escala". É assim que o Partido Trabalhista britânico descreve o ataque informático de que foi alvo. As plataformas digitais do Labour estiveram na mira do ciberataque, cujo autor é desconhecido. O partido assegura que nenhum dado foi comprometido durante o ataque "falhado", que decorreu na segunda-feira.
O ataque acontece a um mês das eleições legislativas, marcadas para 12 de dezembro.
"Se isso é um sinal do que está por vir nestas eleições, sinto-me muito nervoso com tudo isto porque um ataque cibernético contra um partido político numa eleição é algo suspeito e com o qual estamos muito preocupados", afirmou o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, questionado pelos jornalistas, durante uma ação da campanha eleitoral.
Corbyn afirmou ainda que o partido está a tentar apurar quem poderá estar na origem deste ataque.
A situação foi reportada ao Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC, na sigla em inglês), organismo governamental que apoia e aconselha organizações, no setor público e privado, sobre este tipo de incidentes.
Os trabalhistas não revelaram quais foram as plataformas digitais afetadas, mas segundo o The Guardian algumas delas estavam relacionadas com a campanha eleitoral e poderiam conter informação sobre os eleitores. Recorde-se que a 12 de dezembro realizam-se eleições legislativas no Reino Unido, marcadas após o adiamento do Brexit até 31 de janeiro de 2020.
"Tivemos um ciberataque sofisticado e em larga escala nas plataformas digitais trabalhistas. Agimos rapidamente e essas tentativas falharam devido aos nossos sistemas de segurança robustos. A integridade de todas as nossas plataformas foi mantida e estamos confiantes de que não houve violação de dados", referiu um porta-voz do Labour.
Como consequência do ataque e aos procedimentos de segurança que foram acionados, o sistema informático do partido esteve condicionado, bem como algumas atividades da campanha eleitoral. A situação ficou, entretanto, normalizada, referiu o partido aos militantes.
De acordo com o jornal britânico, o partido foi alvo de um ataque de negação de serviço (DDoS, na sigla inglesa), que usa redes de computadores comprometidos de modo a sobrecarregar servidores, ficando desta forma indisponíveis.
Fonte do Labour disse à BBC que foram detetadas "dezenas de milhões de ataques - a maioria com origem na Rússia e no Brasil."
Brian Higgins, especialista em segurança ouvido pelo The Guardian, explica que, normalmente, este tipo de ataques "não representam ameaça a dados ou informações". Se dados forem comprometidos durante o ataque, estes podem ser "facilmente recuperados" caso existam "políticas robustas de segurança cibernética". "Não é de estranhar que o Partido Trabalhista tenha sido alvo, dado o atual cenário político no Reino Unido", disse Higgins, referindo-se ao Brexit e às eleições legislativas marcadas para 12 de dezembro.