Partido no governo sofre derrota histórica em Tóquio
O Partido Liberal Democrático (PLD) do primeiro-ministro Shinzo Abe sofreu ontem uma derrota histórica nas eleições para a assembleia legislativa da região metropolitana de Tóquio, registando o pior resultado de sempre ao passar de 57 representantes para 37. A dimensão do revés contém implícita uma crítica às políticas do executivo, no poder há quatro anos e meio e sugere que o PLD seja derrotado nas legislativas previstas para 2018.
A derrota torna-se ainda mais relevante ao nível de Tóquio, pois o PLD era até agora o partido com maior número de eleitos na assembleia metropolitana da capital.
Os analistas sublinhavam que os resultados das eleições em Tóquio têm funcionado como um termómetro das intenções dos votantes a nível nacional. E a Reuters recordava que, em 2009, quando o PLD, então no poder, teve o seu pior resultado até ao obtido ontem, sofreu uma clara derrota nas legislativas desse ano.
O resultado da eleição é, por outro lado, uma enorme vitória para a atual governadora, Yuriko Koike, a primeira mulher a dirigir a região da capital e que rompeu com o PLD em 2016, quando o partido não apoiou a sua candidatura. Antes de abandonar o PLD, Koike foi brevemente ministra da Defesa num anterior executivo de Abe, em 2007, e desempenhara também funções governativas sob um outro primeiro-ministro do partido, Junichiro Koizumi, entre 2003 e 2006.
Após deixar o PLD, Koike criou um movimento regional, o partido Cidadãos de Tóquio Primeiro, que passou a deter uma clara maioria na assembleia, com 80 eleitos num total de 127 lugares, em coligação com o partido Komeito. Na anterior assembleia tinha apenas seis eleitos.
"Os resultados são muito melhores do que os esperados" e a nova "assembleia vai funcionar de forma diferente", comentou Koike, citada pelo The Japan Times. A governadora prometeu ainda que o trabalho com a nova maioria irá decorrer de "forma totalmente transparente".
A questão que se colocava ontem era se perante a dimensão do sucesso em Tóquio, Koike não seria tentada a projetar a nível nacional o seu partido, criando um problema político suplementar ao primeiro-ministro Abe e ao PLD, no poder desde 2012. A principal força da oposição, o Partido Democrático, não tem conseguido descolar nas sondagens, apesar do PLD se ter visto recentemente atingido por um escândalo de favorecimento de um conhecido de longa data do chefe do governo.
Durante a campanha, Koike classificou o PLD de estar preso a interesses estabelecidos, ser vulnerável à corrupção e atuar de forma opaca. A governadora prometeu uma série de reformas e medidas para que a cidade esteja totalmente preparada para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020.
[artigo:5315450]