A assembleia mantém assim em curso o processo que pretende revogar a legislação sobre as penas mais graves a aplicar aos criminosos, que o Partido Popular (PP, direita) aprovou em 2015 contra a opinião de toda a oposição..PP e Cidadãos (direita liberal) com 167 votos não conseguiram impor uma série de emendas que apresentaram à proposta para anular a legislação sobre a "prisão permanente", que está a ser discutida e deverá ser aprovada daqui a algumas semanas..O resto dos partidos, principalmente o PSOE (socialistas) e o Unidos Podemos (extrema-esquerda), conseguiu recolher 178 votos para se opor às propostas de alteração da direita espanhola, tendo apenas havido a abstenção da Coligação Canária (regional)..Com a sua proposta de alteração, o PP pretendia ampliar os casos em que se aplicaria no futuro a "prisão permanente" aos violadores em série, aos sequestradores que acabem com a vida dos seus reféns, a quem faça atentados contra infraestruturas vitais e aos criminosos que ocultem o cadáver da pessoa assassinada, entre outros..Atualmente a pena aplica-se aos crimes de homicídio agravado, sejam os cometidos com motivações terroristas, os que visem altas figuras do Estado ou envolvam crimes sexuais, assassínios em série, e também genocídio e crimes contra a humanidade..O debate de hoje foi caracterizado pela esquerda a acusar a direita de oportunismo político por tentar aproveitar-se da dor das vítimas de crimes, principalmente dos familiares, presentes no hemiciclo, de crianças assassinadas em Espanha nos últimos anos..PP e Cidadãos tentaram, antes da votação, convencer o PSOE a abster-se e dessa forma esperar pela posição do Tribunal Constitucional sobre um recurso de inconstitucionalidade apresentado pelos socialistas.."Para mim não é uma boa notícia e penso que não é uma boa notícia para nenhum espanhol", considerou o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, do PP, tendo ainda o ministro da Justiça, Rafael Catalá, avançado que o mesmo partido vai tentar opor-se durante o debate em Comissão a que a revogação da lei seja aprovada..O PP espanhol aprovou em janeiro de 2015, quando tinha a maioria dos deputados no parlamento, sem o apoio de nenhuma outra bancada, uma reforma do Código Penal que introduziu a "prisão permanente passível de revisão" para os crimes mais graves, uma pena que se aproxima da prisão perpétua que Espanha tinha abolido em 1928..À semelhança da maioria dos países europeus, que tem regimes de prisão idênticos à espanhola, a condenação não implica o encarceramento para toda a vida, mas a libertação não poderá acontecer antes de cumpridos 25 ou 35 anos de pena, consoante os crimes..Portugal é um dos poucos países europeus que aboliu a pena de prisão perpétua em qualquer caso de moldura penal.