Parabéns, silêncios e à espera dos tribunais. Republicanos divididos sobre reação de Trump

A lista de americanos que pedem bom senso a Donald Trump na reação à derrota eleitoral é cada vez maior, mas ninguém faz uma previsão sobre os termos do próximo discurso.
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A Casa Branca nunca foi tão misteriosa como nas últimas horas, afinal ninguém sabe como é que o ainda presidente Donald Trump vai reagir à vitória de Joe Biden e o pouco que se revela é "segundo fontes próximas"...

Entre o que é avançado como estando a ser dito ao presidente sobre como deverá ser o seu comportamento estão duas das opiniões do círculo mais próximo. A da mulher, Melania, que terá aconselhado o marido a aceitar a derrota e a do genro, Jared Kushner, que é também um dos principais conselheiros de Trump e que, segundo a CNN, sugeriu ao sogro que aceitasse o resultado eleitoral. Uma informação que é suportada por duas fontes que pediram anonimato.

Uma coisa é certa, se Trump mantiver o seu estilo e se as recontagens e as ações judiciais forem infrutíferas, o presidente ficará para a história retratado de uma forma indigna. Se aceitar bater a porta sem o estrondo que o caracteriza, porventura ficará um pouco menos mal.

No rescaldo das eleições norte-americanas, no entanto, poucos estarão neste momento preocupados com esse futuro retrato do 45º presidente e preferem que o presente decorra da melhor forma possível. Ou seja, se Trump não for truculento, os confrontos com que alguns apoiantes republicanos pretendem inflamar os ânimos serão esbatidos, bem como a passagem de testemunho marcada para 20 e janeiro.

Nem Melania nem Kushner fizeram estas afirmações em público e . Além de que no caso do genro, o porta-voz da campanha de Trump já veio desmentir esse conselho e que Kushner teria antes dito a Trump para ripostar.

Uma coisa é certa, momentos antes de Joe Biden ter sido considerado o vencedor das eleições, Trump tinha feito saber que o seu adversário "estava apressado em encarnar a pose de vencedor" e que a corrida "estava longe de terminar". Acrescentava o comunicado de Trump: "Não vou descansar enquanto o povo americano não tiver contado os votos de forma honesta como merece e a democracia exige." E confirmou que nesta segunda-feira teria início a batalha judicial.

Até lá, os americanos têm ido para as ruas festejar a vitória de Biden como há muito não se via nos Estados Unidos, designadamente no estado da Pensilvânia, aquele que deu os mandatos necessários para ultrapassar a fasquia dos 270 representantes. O mesmo se passou em Nova Iorque, Chicago ou Atlanta, entre muitas outras cidades. .

Contrariamente ao que é costume, nem Joe Biden nem Donald Trump conversaram até ao momento, nem mesmo a nível dos seus representantes após o fecho das urnas e das primeiras contagens de votos.

O mesmo não se passa com muitos dos representantes dos republicanos, que já cumprimentaram ou comentaram a vitória de Joe Biden. Entre eles está o ex-presidente republicano George W. Bush que telefonou a Biden este domingo a felicitá-lo pela eleição como o 46º presidente dos Estados Unidos.

Quanto às alegadas irregularidades das contagens de votos que Trump reclama, Bush considera que a campanha eleitoral foi "justa no fundamental" e o "resultado claro". Refere, no entanto, que Donald Trump tem "todo o direito a pedir recontagens e promover ações judiciais", como, de resto, o próprio pediu em 2000 quando disputou a presidência com Al Gore e, perante as dúvidas, foi pedida uma recontagem dos votos na Florida.

Em comunicado, Bush refere que cumprimentou também Kamala Harris pela vitória. Para Bush, "apesar de Biden e ele terem posicionamentos políticos diferentes, isso não é um problema. Eu conheço-o e é um bom homem, que venceu e tem a oportunidade de dirigir e unificar o país."

Bush é o único dos presidentes republicanos vivo.

Barack Obama, Bill Clinton e Jimmy Carter foram os três ex-presidentes democratas que cumprimentaram Joe Biden pela vitória.

"Eu não podia estar mais orgulhoso em felicitar Joe Biden e Kamala Harris", disse Barack Obama.

Bill Clinton considerou que Joe Biden irá "servir todos os americanos e uni-los. A América falou e a democracia venceu".

Jimmy Carter emitiu um comunicado em que felicitava o novo presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris afirmando que foi "uma mudança positiva".

Entre os republicanos nem todos pensam como Bush e aceitaram a vitória de Joe Biden. É o caso do senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, um dos aliados de Trump no Senado: "O Presidente não deve aceitar o resultado". O mesmo disse o senador do Texas, Ted Cruz: "É prematuro aceitar os resultados".

Entre os dirigentes republicanos há quem seja mais ou menos entusiasta no apoio a Trump. É o caso dos senadores Kevin McCarthy, que está entre os primeiros, enquanto Mitch McConnell nos segundos. O senador Roy Blunt, do Missouri, aconselha Trump a entregar o caso aos seus advogados e se houver baselegal deve avançar. Blunt admite que a questão fique resolvida nos próximos dez dias.

O senador Mitt Romney, que se bateu nas eleições de 2012 contra Barack Obama (e perdeu) é dos que critica Trump: "Ele está errado ao afirmar que eleição foi corrupta e roubada. Com isso enfraquece as instituições americanas e inflama paixóes de quem quer destruição". Acrescentou ainda Biden e Harris são "pessoas de boa vontade e com um caráter admirável. Que Deus os ajude nos primeiros dias e anos".

A lista daqueles que já cumprimentaram Joe Bidem pela sua vitória começa a aumentar entre os republicanos, mesmo que a maioria ainda não recuse a hipótese de fraude.

O ex-governador da Flórida e irmão de George W. Bush, Jeb Bush, tweetou os seus cumprimentos e desejou sucesso a Biden.

O governador de Maryland, Larry Hogan, também usou o Twitter: "Todos devem querer que o presidente seja bem sucedido pois é desse modo que o país tem sucesso".

O ex-governador do Ohio, John Kasich, que era um dos republicanos que apoiavam Biden afirmou que "sei que farás o que prometeste e serás presidente de todo o país".

A lista de cumprimentos a Biden engrossa com muitos outros republicanos: Adam Kinzinger do illinois, Tom Reed de Nova iorque, Phil Scott de Vermont, Will Hurd do Texas, Paul Mitchell do Michigan, Chralie Baker do Massachusetts, Spencer Cox governador do Utah e Don Young do ​​Alaska, entre muitos outros.

Entretanto, muitos dos membros republicanos do Congresso não concordam que Biden tenha sido "eleito" pelas notícias dos grandes canais de televisão e pelos jornais. Como é o caso de Fred Keller: "As recontagens e as ações na justiça são de esperar. Devemos deixar o processo avançar e contar todos os votos legais".

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