Parabéns a Durão, vivas ao príncipe Felipe

O presidente da Comissão Europeia torna-se hoje o segundo português a receber o Prémio Carlos V, depois de Jorge Sampaio. Herdeiro do trono espanhol preside à cerimónia.
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São sobretudo os carros de exteriores das televisões às portas do Mosteiro de Yuste que denunciam dia de pompa nesta terriola da Extremadura espanhola, mas quem tem cafés e restaurantes prepara-se é para uma bela jornada de negócio à custa da entrega do Prémio Carlos V ao presidente da Comissão Europeia. "Barroso é bem-vindo. Parabéns ao português. Mas quem toda a gente vai querer ver é o príncipe", comenta-se no café-bar Posada, no centro de Cuacus de Yuste, prevendo-se um pequeno banho de multidão.

"Os poderosos fazem a festa lá em cima. Nós teremos um dia bom cá em baixo" por causa das comitivas, acrescenta o empregado do café na Plaza de España, que se lembra bem de outras cerimónias do galardão que honra a memória do maior soberano europeu do século XVI.

Durão Barroso é hoje distinguido com um prémio que valoriza os defensores do projeto de construção europeia e que no passado foi também atribuído a Jorge Sampaio, quando era Presidente da República. A presidir a cerimónia estará o príncipe Felipe e entre as personalidades presentes contam-se Mariano Rajoy e Passos Coelho. Ambos discursarão. Além dos primeiros-ministros espanhol e português, destaque para a presença do presidente do governo da Extremadura, José Antonio Monago, que tutela a Fundação Academia de Yuste, que patrocina o Prémio Carlos V.

O lisboeta Liceu Camões, a precisar de obras de requalificação,e a Associação Cais, de apoio aos sem-abrigo, serão os destinatários dos 45 mil euros que o Prémio Carlos V oferece ao vencedor, segundo anunciou ontem o próprio Presidente da Comissão Europeia. Além disso, serão atribuídas dez bolsas de investigação com o nome de Durão Barroso e sobre a temática por si sugerida - "história, memória e integração europeia do ponto de vista da relação transatlântica".

Entregue desde 1995, o Prémio Carlos V teve já como vencedores Jacques Delors, o francês que presidiu à Comissão Europeia, Helmut Kohl, o chanceler da reunificação alemã, e Felipe González, antigo primeiro-ministro espanhol, entre outros. Homenageia a memória de Carlos V, rei de Espanha e imperador alemão, e que depois de abdicar se refugiou no Mosteiro de Yuste, no qual morreu em 1558.

Durão Barroso aproveitará esta visita a Espanha para reuniões com o rei Juan Carlos e com Mariano Rajoy, ambas agendadas para amanhã, segundo o 'El País'. Ao chefe do Governo espanhol, o presidente da Comissão Europeia deverá perguntar sobretudo sobre as medidas de combate ao desemprego jovem, pois há avultados fundos de Bruxelas envolvidos. Na Extremadura, a taxa de desemprego geral ronda os 30%.

Com 57 anos, o antigo primeiro-ministro português termina este ano o seu segundo mandato à frente da Comissão Europeia. O seu legado será muito marcado pelo combate à crise e é provável que no discurso de hoje em Yuste faça uma defesa das soluções avançadas por Bruxelas.

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