Papa Francisco apela ao ocidente para não tratar migrantes como mercadorias
O papa Francisco apelou hoje ao ocidente para não tratar os migrantes como "mercadorias" e denunciou as organizações mafiosas assim como a corrupção quase "normais" em Itália, durante a sua primeira visita a Turim, adiantou a agência AFP.
"O espetáculo dos últimos dias desses seres humanos tratados como mercadorias faz chorar", declarou o Papa, que se dirigia a representantes laborais, na Piazzetta Reale, em Turim.
Num momento em que a União Europeia se divide sobre o acolhimento aos migrantes, o papa Francisco condenou mais uma vez as manifestações de rejeição destas pessoas, particularmente percetíveis no norte industrializado de Itália.
"Se a imigração aumenta a concorrência, os migrantes não podem ser tidos como responsáveis, uma vez que são vítimas de injustiça, de uma economia de rejeição e de guerras", disse o papa.
O sumo pontífice está em Turim para assinalar a ostensão (exposição pública) do Santo-Sudário na catedral de São João Baptista, que termina a 24 de junho.
O Papa Francisco criticou ainda a exclusão dos pobres e dos doentes da sociedade, um fenómeno que se deve, na sua opinião, a uma "crise antropológica", para a qual é preciso desenvolver anticorpos.
"A exclusão dos pobres e a dificuldade dos indigentes para receber assistência e medicamentos necessários é uma situação que, lamentavelmente, ainda está presente nos dias de hoje", afirmou o Sumo Pontífice, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Para o Papa houve grandes avanços na medicina e na assistência social, mas houve também a disseminação de uma cultura de desprendimento, em resultado de uma crise antropológica que não coloca o homem no centro das prioridades, mas sim o consumo e os interesses económicos.