Responsável da comunicação do Vaticano demite-se depois de fotografia manipulada
O chefe do departamento de comunicação do Vaticano, Monsenhor Dario Edoardo Viganò, demitiu-se da polémica publicação de uma carta enviada pelo emérito papa Bento XVI, na qual agradecia mas recusava o convite para escrever uma introdução para os 11 volumes da "Teologia do Papa Francisco", uma vez que não tinha tempo para lê-los e já que entre os comentadores estava Peter Hunermann, que durante o seu pontificado "se distinguiu por ter liderado iniciativas anti-papais".
A publicação foi alvo de críticas e deixou o Vaticano em maus lençóis. Afinal, a fotografia da carta redigida que circulou pelos meios de comunicação tinha sido digitalmente alterada, o que deu força à tese de que o papado estaria a censurar a correspondência do papa emérito Bento XVI. Saliente-se que os padrões profissionais de fotojornalismo proíbem a adição ou remoção de qualquer coisa de fotografias, especialmente manipulações que alteram seu significado.
A carta parcialmente divulgada pelo Vaticano por ocasião do 5.º aniversário de eleição de Francisco, mostrava Bento XVI a criticar os "preconceitos tolos daqueles que acham que falta ao Papa Francisco uma particular formação teológica e filosófica" e os que viam na sua pessoa "apenas um teórico da teologia, com pouca compreensão da vida concreta das vidas dos cristãos hoje", destacando a "continuidade interior" entre os pontificados.
O Vaticano acabaria por publicar a carta na íntegra no sábado. Sete dias depois, Viganò assumiu o erro e apresentou a demissão. O papa aceitou.
O responsável ocupava o cargo desde 2015, quando foi nomeado por Francisco para prefeito da Secretaria de Comunicação, uma das grandes reformas que o papa quis adotar para coordenar todos os meios de informação da Santa Sé. Agora vai ser substituído pelo sacerdote Lucio Adrián Ruiz.