Galinhas selvagens invadem vila na Nova Zelândia

Eram apenas duas, depois 250. Antes do confinamento, foram quase todas capturadas, mas duas aves escaparam e um morador alimentou-as. Vizinhos dizem não conseguir dormir e confessam estar desesperados.
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Tudo terá começado quando um dos moradores de um subúrbio a oeste de Auckland, na Nova Zelândia, soltou um frango e uma galinha selvagem. Num instante, os animais reproduziram-se e passaram a ser 250. A ideia de capturar as aves e devolvê-los à Natureza não foi avante devido ao confinamento imposto pela pandemia. Agora, não há quem durma na vila. E as galinhas atraem ratos "do tamanho de gatos", queixam-se alguns residentes.

A história, contada pelo jornal britânico The Guardian, conta o desespero de grande parte dos moradores que dizem não conseguir dormir devido ao "barulho estridente" das galinhas e que se queixam de como o bairro ficou destruído desde que as aves se multiplicaram. Há até quem comente que o cenário da vila parece saído de "um filme de Stephen King".

Os moradores de Titirangi, a vila onde moram menos de 4000 pessoas, e mais de 200 galinhas selvagens, contam que as aves se começaram a multiplicar até que o número atingiu o pico em 2019, antes do confinamento.

"Isso reacendeu antigas divisões existentes na vila", disse Greg Presland, presidente do conselho da comunidade Waitākere Ranges, e encarregado de resolver o problema.

Alguns moradores de Titirangi defendem que as galinhas atribuem um caráter pitoresco e charmoso à vila. Outros só querem que as aves se vão embora.

Presland, disse que "cerca de 15" destes animais se estabeleceram a 50 metros da sua própria casa, e revela que o problema começou em 2008 quando um morador libertou duas galinhas domesticadas na vila.

O número de aves aumentou de ano para ano até chegar às 250 em 2019.

"Uma combinação de privação de sono e de ver o bairro destruído fez com que algumas pessoas realmente as odiassem", revelou Presland, acrescentando que as galinhas também arruinaram as raízes das árvores kauri, uma espécie nativa da Nova Zelândia ameaçada de extinção.

Mas só quando chegaram os ratos - "do tamanho de gatos" -, defendem os moradores, atraídos pela comida deixada pelas aves, é que a situação se terá tornado insuportável.

Apanharam 230, depois oito, mas escaparam duas. E multiplicaram-se

A vila uniu-se e decidiu que as galinhas tinham mesmo de deixar a zona. Montaram redes gigantes e conseguiram capturar 230 aves. Sobraram menos de dez, com mais oito recolhidas antes do país se fechar para conter a propagação da covid-19, no final de março. E estas duas galinhas não se deixaram apanhar.

Agora, que o país desconfinou por completo, os moradores perceberam que as galinhas são muito mais do que aquelas duas que não tinham sido apanhadas.

"Há um morador muito generoso que as alimenta e continua a alimentá-las para que os números voltem a aumentar", disse Presland. "Estamos convencidos de que houve pelo menos dois episódios em que alguém pegou nas galinhas e as largou na aldeia"., acrescentou.

Os esforços para capturar os pássaros agora serão redobrados, mas o conselheiro da comunidade acredita que enquanto houver quem alimente as aves e as recupere quando são expulsas da vila, não haverá muito a fazer - a vila será partilhada por moradores e galinhas selvagens.

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