A Rússia, França e China alertaram esta sexta-feira para as consequências do assassínio em Bagdade do general iraniano Qassem Soleimani, num ataque norte-americano considerado pelos russos como "perigoso" e que pode levar ao "aumento das tensões na região".."O assassínio de Soleimani (...) é um passo arriscado que levará ao aumento das tensões na região", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, citado pelas agências RIA Novosti e TASS.."Soleimani serviu fielmente os interesses do Irão. Oferecemos as nossas sinceras condolências ao povo iraniano", acrescentou o Ministério russo..A França pediu "estabilidade" no Médio Oriente, após a morte do general, através da secretária de Estado para Assuntos Europeu, Amélie de Montchalin.."Estamos a acordar num mundo mais perigoso. A escalada militar é sempre perigosa", disse Amélie de Montchalin à rádio RTL.."Quando essas operações ocorrem, podemos ver claramente que a escalada está em andamento, quando queremos estabilidade e um decréscimo (da escalada) acima de tudo", acrescentou a secretária de Estado francesa..Por seu lado, a China mostrou "preocupação" e pediu "calma" depois da morte do general Qassem Soleimani.."Pedimos a todas as partes envolvidas, especialmente aos Estados Unidos, que mantenham a calma e contenção para evitar nova escalada da tensão", disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, aos jornalistas.."A China há muito tempo que se opõe ao uso da força nas relações internacionais", disse Geng Shuang, pedindo "respeito" pela soberania e integridade territorial do Iraque.."Um grande conflito não é do nosso interesse", diz Reino Unido.O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que o "ciclo de violência, de provocações e de represálias deve cessar. Uma escalada deve ser evitada a todo custo"..O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, apelou a "todas as partes" envolvidas que reduzam a tensão após o ataque dos Estados Unidos no Iraque, que provocou a morte do general iraniano Qassem Soleimani.."Sempre reconhecemos a ameaça agressiva que representava a força Quds iraniana liderada por Qassem Soleimani. Após sua morte, peço a todas as partes envolvidas que diminuam a tensão. Um grande conflito não é do nosso interesse", disse Raab num comunicado divulgado esta sex-feira pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido..A Alemanha também expressou a sua "grande preocupação" após a morte do general Qassem Soleimani, pedindo também uma redução na escalada da tensão.."Nós estamos num nível perigoso da escalada de tensão e agora é importante contribuir para uma redução desta com cautela e contenção", disse Ulrike Demmer, porta-voz da chancelaria alemã, numa conferência de imprensa, apelando para que se procure soluções "através dos canais diplomáticos"..Já a Síria está certa de que essa "agressão covarde norte-americana (...) apenas reforçará a determinação de seguir o exemplo desses líderes da resistência", sublinhou uma fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros em Damasco, citado pela agência Sana..Por seu lado, o chefe do movimento xiita libanês Hezbollah, um grande aliado do Irão, prometeu "uma justa punição" aos "assassinos criminosos" responsáveis pela morte do general iraniano Qassem Soleimani.."Trazer a justa punição aos assassinos criminosos (...) será responsabilidade e tarefa de toda a resistência e de todos os combatentes ao redor do mundo", prometeu em comunicado o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que geralmente usa o termo de "resistência" para designar a sua organização e os seus aliados..Iraque fala "em ataque à dignidade do país".Em comunicado, o primeiro-ministro demissionário do Iraque, Adel Abdelmahdi, disse que a realização de "operações de ajuste de contas contra figuras da liderança iraniana em solo iraquiano são uma violação flagrante da soberania iraquiana e um ataque à dignidade do país"..O primeiro-ministro demissionário disse também que esta ação representa "uma escalada perigosa que desencadeia uma guerra destrutiva no Iraque, na região e no mundo"..Abdelmahdi denunciou também que o ataque viola as condições e o papel das forças americanas no Iraque, lembrando que a sua tarefa é treinar tropas iraquianas e lutar contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) sob a supervisão e com a aprovação do governo iraquiano"..O primeiro-ministro, que apresentou a sua renúncia no final de novembro no contexto da crise que está abalar o Iraque, também apresentou condolências pela morte de Al Mohandes e Soleiman e Soleimani, a quem descreveu como "grandes símbolos da vitória contra o EI"..Os rebeldes Huthis do Iémen, apoiados por Teerão, pediram "represálias rápidas e diretas" após o assassínio do poderoso general iraniano.."Condenamos esse assassínio e entendemos que represálias rápidas e diretas são a solução", disse Mohammed Ali al-Huthi, um alto responsável da liderança política dos rebeldes Huthis, em sua conta na rede social Twitter..Apoiados pelo Irão, os rebeldes Huthis tomaram em 2014 a capital do Iémen, Sana, e áreas inteiras do país, devastado por uma guerra que causou a mais grave crise humanitária do mundo, segundo a ONU..O movimento islâmico Hamas, no poder na Faixa de Gaza, um enclave palestiniano com dois milhões de habitantes, condenou o ataque norte-americano contra "o mártir" Qassem Soleimani, "um dos mais eminentes chefes de guerra iranianos". O grupo palestiniano referiu que o ataque foi "crime norte-americano que aumenta as tensões na região"..A Frente Popular de Libertação da Palestina (PFLP), um grupo armado, pediu uma resposta "coordenada" das "forças de resistência" na região..A Guarda Revolucionária confirmou a morte do general Qassem Soleimani, na sequência de um ataque aéreo, na manhã de hoje, contra o aeroporto de Bagdad, que também visou o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi]..O Presidente dos Estados Unidos ordenou a morte do comandante da força de elite iraniana Al-Quds, general Qassem Soleimani, anunciou o Pentágono num comunicado..Na nota, o Pentágono disse que Soleimani estava "ativamente a desenvolver planos para atacar diplomatas e membros de serviço norte-americanos no Iraque e em toda a região"..O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, prometeu vingar a morte do general iraniano Qassem Soleimani e declarou três dias de luto nacional.