Pai de três vítimas ataca Larry Nassar durante audiência

Já condenado a até 175 anos de prisão, antigo médico da seleção de ginástica dos EUA enfrenta nova sentença
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Foi numa sessão de um novo julgamento por outros crimes de abusos sexuais de Larry Nassar, 54 anos - condenado na semana passada a entre 40 e 175 anos de prisão -, que o pai de três das vítimas do antigo médico da seleção de ginástica dos EUA perdeu a cabeça. Em fúria, o homem lançou-se sobre o réu e agrediu-o, sendo necessária a intervenção da segurança do tribunal.

A cena caótica teve início depois de as irmãs Lauren e Madison Margraves terem acabado de ler as suas declarações de vítima no segundo dia de audiências num tribunal do Michigan. Ao lado das filhas e da mulher, Randall Margraves pediu à juíza para falar, segundo descreve a agência Reuters.

"Peço-lhe como parte desta sentença que me conceda cinco minutos numa sala trancada com este demónio", pediu. A juíza, Janice Cunningham, explicou que não o podia fazer e, depois de o pai das vítimas ter dirigido mais impropérios contra Larry Nassar, aplicou-lhe um castigo. Não satisfeito, Randall Margraves insistiu, mas em vez de cinco minutos com o abusador pediu um. A juíza voltou a negar-lhe o pedido, ao mesmo tempo que o ambiente na sala dava sinais de aquecer.

O homem dirigiu-se então a Larry Nassar, que estava sentado, e atacou-o. A segurança teve de intervir: atirou Margraves ao chão e algemou-o e retirou o réu em segurança.

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Esta é a segunda acusação de abusos sexuais que Larry Nassar enfrenta. O antigo médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos, que em dezembro de 2017 foi condenado a 60 anos de prisão por posse de pornografia infantil, declarou-se culpado das agressões sexuais de que era acusado. O acordo com a procuradoria implica duas sentenças, consoante a localização dos vários casos em que está implicado.

Na primeira sentença, datada de 24 de janeiro, foi condenado a uma pena entre 40 a 175 anos de prisão por crimes de abusos sexuais a dezenas de atletas ao seu cuidado. A juíza Rosemaria Aquilina classificou as ações de Nassar como "precisas, calculadas, manipuladoras, desviantes e desprezíveis", antes de declarar ter assinado "a sentença de morte" do antigo médico, que servirá um mínimo de 25 a 40 anos de prisão antes de ser elegível para sair em liberdade condicional.

"É minha honra e privilégio sentenciá-lo. Não merece caminhar fora de uma prisão. Não fez nada para controlar os seus desejos e, onde quer que vá, destruição vai acontecer aos mais vulneráveis", acrescentou a juíza, que classificou as atividades no seio da ginástica como "o sítio perfeito" para os abusos, que Nassar classificava perante as atletas como 'tratamentos'.

As audiências para a segunda sentença iniciaram-se na quarta-feira passada, dia 31, dia em que a juíza anunciou que o número de mulheres a acusar Larry Nassar tinha subido para 265, mais 65 que anteriormente.

Uma delas, Jessica Thomashow, disse que o médico se aproveitou da sua "inocência e confiança" para a molestar quanto tinha nove anos, fazendo-o novamente quanto tinha 12.

Outra mulher, Annie Labrie, defendeu que na ginástica existe uma "cultura específica" que permite que tais abusos ocorram, acrescentando que as meninas aprendem cedo que a autoridade não deve ser questionada.

Vários nomes de topo dos Estados Unidos, entre as quais a quádrupla campeã olímpica de ginástica Simone Biles, vieram a público denunciar terem sido vítimas de abusos sexuais por parte de Larry Nassar.

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